DISCOS
A.M.O.R.
· 28 Nov 2013 · 21:11 ·
A.M.O.R.

2013
Edição de autor


Sítios oficiais:
- A.M.O.R.
A.M.O.R.

2013
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Difícil de amar.
Diz-nos a biografia oficial das A.M.O.R. que a dupla anda por aí desde 2006 ou 2007. Tempo que, ouvindo o longo de estreia em 2013, parece ter servido para a dupla feminina se conhecer e entrosar e tecer detalhadamente um disco que vai ter honras de apresentação no Vodafone Mexefest. Mas o que é afinal este ∞, que parece ter vindo do nada?

A primeira audição, mais desatenta e suja, deixa marcado no tímpano que este é, acima de tudo, um disco a pensar na produção. Não espanta: nos créditos figuram nomes como Schuro, Chainless, Photonz e Niagara, responsáveis máximos pelas camadas abrasivas de inspiração futurista que fustigam as dez malhas que compõem o disco. Pensem em M.I.A. ou Azaelia Banks e podem perceber a que é que estas batidas, gordas e redondas, soam.

A questão é quando nos dedicamos a uma audição atenta, os valores positivos encontrados na desatenção revestem-se de dúvida. Pode não parecer, mas Honey e Violet são amorosas apenas no nome. Quem as ouvir, decifra nas palavras do disco sentimentos que oscilam entre o viperino e o irónico, numa mecânica que nunca se atropela e flui organicamente, sempre lado a lado com as batidas. Mas se não lhes falha a fala – o flow de ambas é irrepreensível -, falha-lhes algo a que vamos chamar elegância à falta de palavra melhor (sim, o hip-hop e o rap são suposto ser sujos). A consequência é um abuso de neologismos, estrangeirismos e gosto duvidoso, que acabam por não criar impacto ou apelo.

Se a coisa resulta relativamente bem em “Falar de Rap” e muito em “Hustlerz”, acaba por falhar em “A Gente Não Dropa Rap” ou “Novo Dia”. Assim, salva-se a determinação que pode e dever ser vista como mais um sinal de vitalidade do hip-hop nacional. E dada esta aproximação e influência mútua entre novos MC’s e novos produtores - “We Gees” e “Pesadelos” são apenas dois exemplos que espelham alguma da frescura que se vive na área da música electrónica em Portugal –, talvez possamos aspirar a ver e ouvir um novo paradigma no hip-hop português. É para seguir.
António M. Silva
ant.matos.silva@gmail.com
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