DISCOS
Chelsea Light Moving
Chelsea Light Moving
· 17 Abr 2013 · 15:35 ·
Chelsea Light Moving
Chelsea Light Moving
2013
Matador


Sítios oficiais:
- Matador
Chelsea Light Moving
Chelsea Light Moving
2013
Matador


Sítios oficiais:
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Uma questão de quimicazinha.
Thurston Moore não parece querê-lo. E assim, eu também não. O som da sua guitarra no disco de estreia da banda que formou com Keith Wood (Hush Arbours), Samara Lubelski e John Moloney (Sunburned Hand Of The Man) é, simplesmente, o “seu”. Aquele que conhecemos daqueles tais de Sonic Youth, e até dos seus discos a solo. Reconhece-se aos primeiros segundos de “Heavenmetal”. Porque é, então, que “Chelsea Light Moving” é uma semi-desilusão? Parte logo daí. Há demasiadas semelhanças com os SY para que tratemos isto como entidade desconexa. E, na comparação, os Chelsea Light Moving ficam claramente a perder.

Existe – ou existia, infelizmente ao que parece – uma química entre Moore, Gordon, Ranaldo e Shelley que sobrevivia a quaisquer tentativas de imposição de caos. Aqui não se sabe, porque o caos nunca chega verdadeiramente. Claro, existe fuzz, e existe distorção. Só que, para além do formato calmo-ataque-calmo, ou ataque-calmo-ataque, nunca soar a grande surpresa, também não se pode comparar o que é uma simples montra desarrumada com uma loja inteira virada de pantanas por um ciclone. “Sleeping When I Fall” é desde logo exemplo de que a distorção nunca será demasiada. Em “Empires Of Time”, a história é demasiado linear. Não se vislumbra o mesmo desejo de devaneio, de quebrar barreiras de “aceitabilidade”.

“Burroughs” é o melhor momento do disco, sobretudo quando uma das guitarras descola dos restantes instrumentos de forma intensa. Deve ser, sobretudo, excelente ao vivo. Já “Lip” e “Mohawk”, as duas mais pequenas, são hardcore-punk revivalista bem feito, só que tarde e a más horas, por mais direitos que Thurston Moore tenha conquistado. Quando a faixa 9, “Frank O’Hara Hit”, se faz ouvir, é como se já esperássemos o que aí vem. Claro que podemos não saber exactamente ao que vai soar. Mas sabemos de uma forma que nunca soubemos nos Sonic Youth. No fundo, os Chelsea Light Moving até são uma banda interessante per se. Uma banda interessante de Thurston Moore. E de uma banda de Thurston Moore não queremos interesse, e sim um lança-chamas que nos faça questionar tudo o que aprendemos até então.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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