DISCOS
Iceage
You´re Nothing
· 26 Fev 2013 · 10:30 ·
Iceage
You´re Nothing
2013
Matador / Popstock


Sítios oficiais:
- Iceage
- Matador
Iceage
You´re Nothing
2013
Matador / Popstock


Sítios oficiais:
- Iceage
- Matador
Do secundário para a universidade.
Há dois anos, no meio do ressurgir de um dado rock nostálgico de coisas oitentistas, os Iceage lançaram um prodigioso primeiro álbum chamado New Brigade, que soava ao frio britânico em vez do gelo dinamarquês de onde são originários. Antes, voltavam os rocks mais ligados ao mainstream, depois surgiram as bandas de homenagem a grupos como Wire, Husker Dü e demais ícones do pós-punk.

A expectativa para o novo de Iceage era alta. Malhas electrizantes e distorcidas, com aquela voz na qual reconhecemos o sotaque inglês, sabendo que estamos a ser enganados, está tudo lá. Quando se ouve um vocalista respirar, ou melhor, arfar, sabe-se que se está perante algo digno de respeito. Nem sempre, mas quase. Não lhes dava a idade que têm (estarão entre os 20 e os 21), nem de perto nem de longe, talvez por incompreensão da música que fazem.

< Há um grande arranque em You´re Nothing, o novo registo dos jovens dinamarqueses. Acaba à quinta música, “In Haze”, que me dá vontade de pôr fim à escuta do álbum de imediato. A voz de Elias Bender Rønnenfelt dá de si. E dá de mim. Leio algures comparações com Strummer e fico de boca aberta pelo tamanho disparate. O que vale é que a melhor ronda do álbum vem logo de seguida, com a sequência “Morals” e “Everything Drifts”, sendo esta última um malha daquelas. "It Might Hit First" vale pelos 01:23 que tem e, dentro deles, pela primeira metade e pelos últimos vinte segundos que lembram que os rapazes ainda são capazes de pancadaria. Há menos intensidade em You´re Nothing do que havia no álbum anterior, algo que, em entrevista à Pitchfork, os próprios reconhecem como sendo intencional com a justificação de que ficaram “melhores a expressar emoções”.

Confesso gostar mais deste pós-punk do que algum do que os influencia. Porém, a menor dose de energia aqui tira-lhe alguma pujança que seria importante para continuarem a trilhar o caminho proposto no primeiro disco.
Tiago Dias
tdiasferreira@gmail.com
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