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California X
California X
· 18 Jan 2013 · 09:57 ·
California X
California X
2013
Don Giovanni


Sítios oficiais:
- California X
- Don Giovanni
California X
California X
2013
Don Giovanni


Sítios oficiais:
- California X
- Don Giovanni
Rock para uma cultura acelerada.
Quem não sente inveja de um verdadeiro slacker? Quem nunca pensou largar todo o trabalho e stress diário, arranjar uma pequena casa na Califórnia junto ao mar, e viver o resto dos seus dias seguindo os conselhos sábios de um Dude? Sejamos acima de tudo honestos - ou talvez não tão honestos quanto realistas: a vida é uma merda e estaríamos todos melhor sem toda esta tecnologia com a qual procuramos preencher o buraco que insiste em estragar aquilo que seria de outra forma uma alma perfeita, inocente e incorrupta. Mas agora que aqui chegámos (evolução, dizem eles) não nos resta senão cair no conforto da anomia.

E depois surgem bandas como os California X; nome ridículo, certo, mas que é igualmente um pontapé em qualquer tipo de existencialismos patetas e sentimentos de vergonha, trio norte-americano que a julgar pelo seu disco de estreia se está bem a cagar para aquilo que pensem deles e dos seus casacos de ganga pintados com graffiti. Rock puro e juvenil sem pretensões que não sejam mais do que tocar num bar fixe com bandas de amigos e ser paga com cerveja. Slackers, pois claro. Ouvi-los é invejá-los - não só por isto, mas porque têm nos dedos as lições de gente tão díspar quanto os Dinosaur Jr. e os Japandroids, e há sempre aquela pontinha de consciência que nos diz foda-se, eu também conseguiria fazer isto, mas não tenho paciência, porque temos demasiada vergonha de nós próprios e daquilo que poderia ser - quem sabe? - a salvação para os dias tristes em que caminhamos.

Foda-se! Assim, a plenos pulmões, porque é essa a expressão correcta a utilizar igualmente quando caímos nas malhas de uma depressão destas e há que expurgá-la. California X não é um disco que permita a tristeza. É bomba certa: desde o início com "Sucker", malha de seis minutos em constante crescendo e onde o fuzz é o Verbo, com uma bateria feroz a queimar neurónios por volta dos quarenta segundos, passando pela atitude grungy de "Curse Of The Nightmare" e "Pond Rot", pela metálica "Spider X" até ao final com "Mummy". Trinta curtos minutos de ganchos orelhudos, energia quanto baste, rock seguro, certeiro e, tal qual se procura ter a alma, incorrupto. Das melhores estreias que ouvirão este ano - deixando-se já um apelo às promotoras indie deste país para que mantenham os ouvidos e as opções em aberto. Não surfar esta primeira onda seria um sacrilégio.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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