DISCOS
Agustí Fernández
El laberint de la memòria
· 23 Nov 2011 · 10:46 ·
Agustí Fernández
El laberint de la memòria
2011
Mbari


Sítios oficiais:
- Agustí Fernández
- Mbari
Agustí Fernández
El laberint de la memòria
2011
Mbari


Sítios oficiais:
- Agustí Fernández
- Mbari
Entre a improvisação e a tradição.
Há cerca de dez anos o patrão da editora Tzadik, o influente saxofonista John Zorn, convenceu um músico com longa carreira feita na improvisação livre a experimentar algo inédito: recriar standards de jazz, adaptando melodias clássicas à sua linguagem altamente individualizada. O veterano improvisador chamava-se Derek Bailey e, tendo aceite o desafio, criou um dos mais belos e originais discos de guitarra solo, desconstruindo e reinventando clássicos como “Lauraâ€, “Body and Soul†ou “Stella by Starlightâ€.

Há um par de anos João Santos, cabecilha da editora Mbari (casa de B Fachada, Norberto Lobo e Lula Pena, entre outros), arriscou fazer uma proposta original ao pianista Agustí Fernández. Figura de proa da cena “free improv†contemporânea, parceiro de gente como Evan Parker, Barry Guy ou Paul Lytton, o catalão Fernández viu-se confrontado com a encomenda insólita: um disco solo inspirado na música clássica espanhola do século XX para piano.

Tal como Bailey, Fernández terá cruzado os braços, levantado a cabeça e pensado: “challenge accepted!†- tarefa monumental, impensável para quem habitualmente pratica um pianismo anguloso, libertino, fugitivo da rigidez. Para os seguidores do trabalho do pianista o resultado alcançado acabará por soar supreendentemente conservador, tradicionalista, etc. Afinal, apesar de todas as diferenças de contexto, também Derek Bailey ouviu críticas dos adeptos mais puristas por ter cedido à sugestão de Zorn.

Neste disco Agustí Fernández desenvolve uma música baseada em motivos (subconscientemente?) interiorizados, que são laboriosamente transformados em matéria nova. Desvinculando-se das suas típicas estratégias oblíquas e alta intensidade, o catalão opta por uma suave linearidade, assumindo um discurso sólido, ancorado numa permanente subtileza, contenção e controlo. Apesar da óbvia diferença deste disco com os seus anteriores trabalhos, El laberint de la memòria não deverá visto como uma faceta oposta, mas sim como complemento da restante obra, revelando aqui uma inventidade lírica que não lhe conhecíamos.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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