DISCOS
Cristina Branco
Não há só tangos em Paris
· 29 Abr 2011 · 10:31 ·
Cristina Branco
Não há só tangos em Paris
2011
Universal Music


Sítios oficiais:
- Cristina Branco
- Universal Music
Cristina Branco
Não há só tangos em Paris
2011
Universal Music


Sítios oficiais:
- Cristina Branco
- Universal Music
Uma voz em trânsito.
Se não chovesse tanto no coração dos portugueses, certamente não haveria Fado. Mas Cristina Branco não se limita a ser uma das melhores intérpretes actuais da canção nacional, incorporando no repertório diversas influências musicais, mais do que nunca presentes no seu trabalho.

Não é de agora a aventura por outras paragens, mas deste recente périplo Cristina Branco trouxe como recuerdos tangos mestiçados por outras sonoridades latinas, cantadas nas línguas de Camões, Cantona e Che. Como na belíssima “Talvez†(cuja melancolia do acordeão introduz, logo ao início, um clima de hesitante prece romântica, repetido com intensidade no refrão), em “L’invitation Au Voyage†ou “Un Amor†– pontuado pela linha de contrabaixo de Bernardo Moreira e pela riqueza instrumental, do solo de piano aos violoncelos –, respectivamente.

A voz de Cristina Branco é cheia de tons e nuances, como em “Laurindinhaâ€, na qual passeia por uma cascata de notas como se atravessasse diversas paisagens e estados de alma. Este é, aliás, um disco que convida a viajar, em que as canções surgem como postais enviados a partir de vários portos emocionais.

Há, também, lugar para versões, como o bolero “Dos Gardeniasâ€, “Les Désespérés†ou “Não é Desgraça Ser Pobreâ€, fado de Amália Rodrigues cantado com garra e solenidade. Cristina Branco diz que «o fado é como o tango, ritmos de gente doída e pobre, mas de alma grande!». A graça da cantora enriquece-nos os dias com a luz de Lisboa, vista a partir de França ou Buenos Aires. Porque aqui está latente o «horror do domicilio» de que sofria Baudelaire.
Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net
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