Não vamos demorar muito tempo a dissecar a eterna questão da repetição do que já se fez e da consequente impossibilidade de residir, num qualquer projecto que ainda estava nos tomates do avô na altura dos Stones, alguma réstia de originalidade. Hoje temos reinvenções, remasterizações que acabam por ser novos rostos de águas passadas mas há, sem dúvida, alguns casos de uma descarada apropriação de sonoridades, acordes, conceitos. E este é o caso dos The Drums.

Ao nos depararmos com o primeiro disco do quarteto de Brooklyn (uuuhh, aaahh, uuuhh, Brooklyn…), encontramos um conjunto de canções recheadas de alegria, singles para dar e vender e muito, muito plágio. Ele é The Smiths, The Cure, Beach Boys e New Order. Mais, não arranja sequer um buraco para se enfiar nem envereda por uma tentativa de dissimulação para que não seja degolado à primeira audição. Burrice pura, parece-me.

O que é preferível, então? Inventar algo novo que nem o mais puro dos eremitas conseguirá assimilar, pela fuga ao óbvio e ao convencional, ou fingir que estamos a sofrer uma epifania revivalista e tudo o que nos sai das patas é uma tradução literal sem qualquer piedade dos que viveram à custa dessas ideias? Não sei bem. O certo é que os The Drums vivem hoje sob uma áurea de magia que os tem levado a grandes palcos e a malta, feliz da vida por ver putos a encarnar o cota do Morrisey e do Robert Smith, está-se pouco cagando para a efemeridade da atitude (leia-se furto) dos americanos.

A ladroagem não irá durar muito tempo. Com a saturação, percebemos que o que é autêntico leva sempre a melhor, subsiste mais facilmente graças ao selo de originalidade ou, pelo menos, de verdade. E assim, caros Drums, assim se esquecerão os ladrões.