DISCOS
Matthew Herbert Big Band
There’s Me And There’s You
· 05 Nov 2008 · 17:21 ·
Matthew Herbert Big Band
There’s Me And There’s You
2008
!K7 / Vortex


Sítios oficiais:
- Matthew Herbert Big Band
- !K7
Matthew Herbert Big Band
There’s Me And There’s You
2008
!K7 / Vortex


Sítios oficiais:
- Matthew Herbert Big Band
- !K7
Quando politiza a música em excesso, Herbert solta as notas da orquestra mas amarra a liberdade da música e contraria o prazer do ouvinte.
Matthew Herbert tornou-se um individuo complexo, num homem de causas. Criou um universo próprio onde aprendeu a caminhar sozinho e onde institui um conjunto de regras para salvaguardar a sua actividade criativa. Embora Herbert procure inconscientemente o prazer da composição enquanto voicefera aos quatro cantos do mundo os princípios da sua consciência ou procura definhar a pop actual enquanto imagina um espectáculo na Broadway, There’s Me And There’s You, o seu novo álbum, agudiza o problema que parcialmente afectou os seus últimos anos de trabalho, tentando rentabilizar a "agenda" política pessoal enquanto vai compondo música.

Actualmente poucas dúvidas restam da proficiência enquanto produtor e da sua versatilidade enquanto músico. Nem será essa a questão de fundo. Então onde residem as dúvidas sobre os mais recentes trabalhos de Herbert (Goodbye Swingtime (2003), Plat du Jour (2005), Scale (2006)), inclusive este novo trabalho com a sua Big Band? Muito provavelmente no pragmatismo excessivo que tem aplicado sobre a sua arte e na politização da sua música. Herbert tem se debruçado excessivamente na tentativa de criação de um movimento que lhe permita uma exposição efectiva das suas mensagens contestatárias. E se música existe pelo meio, apenas a tem utilizado para veicular os seus ideais.

There’s Me And There’s You possui quase todos os ingredientes: orquestrações de envergadura, composições delineadas, músicos de excepção, uma cantora de voz portentosa, um conceito, uma causa, no fundo tem praticamente tudo para ser um grande disco; no entanto, não o é. E sendo um híbrido típico do seu autor, não deixará de alguma forma ser um produto estranho que paradoxalmente abraça a livre causa política enquanto estrangula a liberdade do prazer.

Sem disfarçar as semelhanças com Goodbye Swingtime, o novo capitulo quase que ameaça segregar o ouvinte que se recusa a prestar atenção nos ínfimos pormenores que compõem o puzzle da operação. Nada que não tivesse acontecido ocasionalmente no registo de 2003, mas volvidos cinco anos, a alienação do verdadeiro prazer da sua música aprofunda-se, e mesmo que se conclua que o tempo a mais que passou em estúdio com uma mão cheia de músicos serviu para reaproximar-se do swing outrora perdido, restará agradecer a Eska os poucos e verdadeiros momentos de felicidade.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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