DISCOS
Athletic Automaton
A Journey Through Roman's Empire
· 09 Out 2007 · 08:00 ·
Athletic Automaton
A Journey Through Roman's Empire
2007
Skin Graft


Sítios oficiais:
- Athletic Automaton
- Skin Graft
Athletic Automaton
A Journey Through Roman's Empire
2007
Skin Graft


Sítios oficiais:
- Athletic Automaton
- Skin Graft
Duo de escola Providence atira rock à arena de leões em impressionante oscilação entre momentos musculados e outros mais obtusos.
Ceda-se margem de dúvida às suspeitas e teorias da conspiração que possam procurar provar a existência de elos vários entre as tiranias e excentricidades dos Imperadores Romanos e as duplas de bateria e guitarra ou baixo que montam a espinha dorsal ao cadáver rock com a intenção de descaracterizá-lo em tômbola que sorteia marcações rítmicas e riffs rugosos a uma velocidade impossível de se acompanhar. Até porque contribui para adensar as suspeitas a ideia de que a piromania de Nero não distaria assim tanto do frenesim inflamável que desencadeia a sessão de cabeçada que é A Journey Through Roman’s Empire, segundo baptismo de fogo a cargo de uns Athletic Automaton que, depois da aliança aos Aids Wolf e do split com os Made in Mexico, procuram a custo a sua porção de terreno nesse antro de barbárie “decibélica” que é o catálogo da Skin Graft.

Numa fábula que explique às criancinhas a situação vivida no plano de duos ruidosos oriundos de Providence, no estado de Rhode Island, os Athletic Automaton orgulham-se até de ser a tartaruga se os Lightning Bolt forem a lebre (e alcalinos nesse disfarce). O ex-Arab on Radar Steve Mattos e Patrick Crump conhecem o melhor uso para a fricção que pode produzir uma carapaça de feedback ao ser raspada na antítese da estrutura convencional de canção - obtêm o tal atrito fazendo excelente proveito de um concubinato que promove a fornicação entre a bateria confiante do seu detonar energético e uma guitarra geralmente intransigente na sua vontade de ser a metade que mais estrilha, mas cedente nas pistas declaradas que cede para posterior perseguição da sua parceira (com direito a orgasmo e pós-clímax em “The Gladiators Sandal Fight”). A juntar a isso, a natureza mais trôpega da tartaruga consta também de uma “Hands Without Feet” que dilata o aspecto distorcido de um riff até ao ponto deste soar como um acorde poderoso que na sua infância caiu num caldeirão de Jack Daniels.

Remate-se a sina ao digressivo e agressivo A Journey Through Roman’s Empire recuperando-se a analogia que, no primeiro parágrafo, procurava aproximar estas duplas dos mais infames Imperadores da velha Roma. Os Athletic Automaton, tal como César, mais blindam o punho de ferro quando descobrem oposição à sua vontade. O aparato trágico é o mesmo, sendo que a sanidade e silêncio são as conspirações que procuram eliminar os primeiros. Fica esclarecido que podem ser igualmente épicas as batalhas travadas em condomínio fechado. A tal viagem que propõe este segundo disco dos Athletic Automaton é o convite ao convívio (quase) eminente com a poesia pagã que ainda se pode descobrir ao rock tornado conflito campal.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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