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Veados com Fome - Lobster
Maus Hábitos, Porto
09/03/2006


Noite no Maus Hábitos, no Porto, duas “novas” bandas. De um lado do ringue o trio Veados com Fome, do outro o duo Lobster, mas apenas metaforicamente falando, claro. Tornou-se óbvio durante toda a noite que a relação entre as duas bandas é mais do que saudável, talvez fruto das datas que já celebraram juntos pelo país. Tudo acontece mais rápido agora: os concertos vão-se multiplicando a uma velocidade impressionante e Lisboa, Porto, Famalicão, Coimbra, Braga e Sto. Tirso são os locais do costume. Os concertos, ambos com o volume lá em cima no vermelho, acabaram por servir de certa forma para fazer a antecipação do split que reúne ambas as bandas e que será lançado em breve – tanto os Veados com Fome como os Lobster apresentaram nos seus concertos temas desse próximo registo. Também os lançamentos acontecem tão rápido que se torna por demais complicado enumerá-los – quanto mais ouvi-los todos. Há mudanças que vêm por bem e esta é claramente uma delas.

Ficou cada vez mais provado que os instrumentais criados nas duas guitarras e na bateria dos Veados com Fome têm em “Nelson” – onde até se usam teclados – o seu maior embaixador; é nele que os Veados Com Fome melhor mostram onde estão e para onde querem ir. Guitarras que rugem, mudanças de velocidade e direcção, teclados que acondicionam as descargas. Igualmente ficou provado que as descargas dos Lobster encontram em “Farewell Cheewaka”, um tema que faz parte do álbum Fast Seafood lançado pela netlabel Merzbau, um resumo perfeito das suas intenções, com um bónus: os momentos arrastados, sombrios e belíssimos – a fazer lembrar as paisagens dos Pelican – no final do mesmo tema que só não soaram tão bem como de costume porque a guitarra de Guilherme Canhão não sobreviveu da melhor forma às “intempéries” resultantes da interacção entre a banda e o público. O caos nos concertos dos Lobster é algo a que a banda e o público já estão habituados.

Ao contrário do mito que diz que os músicos se divertem sempre mais do que os que os estão a ver, o público – que não raras vezes se juntou aos actores em palco para entusiasmada confraternização – esteve tão ou mais activo do que os senhores da noite. O resumo final foi muito favorável e convidativo a repetição: The Kids are having fun, poderia muito ter sido o lema da noite. Na falta desse, “Keep it Brutal” serviu na perfeição.

André Gomes
andregomes@bodyspace.net
09/03/2006