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RED Trio
Primeiro Andar, Lisboa
24-/04/2015


Em resposta a um convite do festival IndieLisboa, quatro realizadores participaram na produção de quatro curtas metragens inéditas, que resultaram no filme conjunto Aqui, em Lisboa. Os realizadores participantes foram Dominga Sotomayor, Marie Losier, Gabriel Abrantes e Denis Côté. Cada realizador criou um trabalho autónomo, com argumentos independentes e estéticas visuais próprias, tendo unicamente a cidade de Lisboa como pano de fundo comum entre todos. A curta “Excursões”, do realizador Denis Côté (Curling, Vic + Flo Viram Um Urso), retrata a vida de dois guias turísticos lisboetas que a música do RED Trio acaba por aproximar, com o filme a acabar no momento em que as personagens se encontram num concerto do trio na Casa Independente.

O RED Trio actuou na “after-party” do filme, que teve lugar no Primeiro Andar (ao Ateneu), em Lisboa. A associação ao festival acabou por levar o trio a mais gente do que o habitual público da cena improvisada, pelo que a sala revelou-se demasiado pequena para tanta gente que quis assistir ao concerto. O trio actuou em modo eléctrico: Hernâni Faustino serviu-se do baixo eléctrico em vez do habitual contrabaixo, Rodrigo Pinheiro usou o piano eléctrico em vez do tradicional piano de cauda – apenas Gabriel Ferrandini se manteve fiel ao seu instrumento habitual, a bateria.

© João Henriques / IndieLisboa

Se houve alteração instrumental, também a música foi trabalhada de forma diferente, afastada do modo acústico registado em discos como Rebento. A improvisação é a estratégia habitual, mas o grupo serviu-se das potencialidades da electricidade para acrescentar novas cores, juntando efeitos electrónicos, desenvolvendo novos ambientes. Já a metodologia foi a mesma de sempre: um instrumento lança as bases, que são seguidas pelos outros numa comunhão democrática, com o discurso a evoluir de forma coerente, sem choques, mas nunca se deixando estancar, surpreendendo sempre.

© João Henriques / IndieLisboa

Nesta versão eléctrica (que apesar de não ser a primeira vez do grupo, é menos habitual) são também trabalhados drones, blocos sonoros obsessivos, que complementavam os típicos crescendos de intensidade, até chegarmos às explosões de energia. A sala foi pequena para tanta gente mas, quem sobreviveu à enchente, às cotoveladas e a todo o suor, terá saído do Primeiro Andar com um estampado sorriso.

Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
04/05/2015