Wayne Shorter Quartet
Centro Cultural de Belém, Lisboa
29-/10/2014

O veteraníssimo Wayne Shorter regressou a Portugal com o seu quarteto, depois de ter actuado recentemente na Casa da Música, no início do Verão. O lendário saxofonista, parceiro de Miles Davis, membro do grupo Weather Report, autor de álbuns clássicos como Speak No Evil ou Juju, apresentou-se no palco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, do alto dos seus 81 anos de idade. No recente disco Without a Net, editado no ano passado, ouve-se um saxofonista em boa forma, apoiado pela sua banda estável. A expectativa era alta e o grande auditório do CCB engalanou-se para receber esta figura histórica do jazz.

O quarteto liderado por Shorter é uma verdadeira formação all-star: Brian Blade na bateria, John Patitucci no contrabaixo, Danilo Perez no piano. Todos excelentes músicos, com maturidade criativa e que trabalham em conjunto desde o ano 2000. Esse histórico de trabalho comum reflecte-se na naturalidade de processos, na forma como a música flui tranquilamente, rica em ideias sem necessidade se fazer muito estrondo.

Perante uma casa cheia, o concerto arrancou de forma titubeante. Primeiro no saxofone tenor, Shorter demorou a encontrar o seu som. O concerto arrancou com Wayne Shorter a largar frases curtas e soltas, por cima do tapete instrumental sólido criado por Perez/Patitucci/Blade. Depois, mudando-se para o saxofone soprano, Shorter encontrou finalmente um som forte, ao nível da sua grandeza. Bem apoiado pelo trio, Shorter esteve em bom plano no soprano, chegando a alcançar momentos de alta intensidade.

Wayne Shorter não precisava de provar nada a ninguém. A maior parte do público que foi ao CCB já conhecia a música de Shorter ao longo de cinco décadas, pelo que não se tratou de um simples concerto, mas a ocasião terá representado uma justa homenagem a uma das lendas vivas do jazz. O público não hesitou em reconhecer o facto, obrigando o saxofonista octagenário (lento de movimentos) a regressar para dois encores (!), tendo ainda regressado ao palco uma terceira vez para receber os últimos aplausos.