Para esta actuação Alex Zhang Hungtai esqueceu as gravações anteriores e preparou um espectáculo totalmente novo que, com o nome Landscapes in the mist, prometia “paisagens sonoras inspiradas por Lisboa e pelo mar em volta” (palavras roubadas ao Paulo Cecílio). Acompanhado pelo seu habitual parceiro Shub Roy na guitarra eléctrica (e efeitos) e André Gonçalves no sintetizador modular, Hungtai serviu-se exclusivamente do saxofone e da guitarra eléctrica.
© Luís Martins
O trio foi desenvolvendo ao longo da actuação (poderemos dizer que se tratou de um único tema) um instrumental reminescente de Love Is The Devil ou da banda sonora de Water Park. Abençoado pela Nossa Senhora do Drone, o trio trabalhou uma massa sonora relativamente estática, onde a electrónica cinzenta de base se mesclava com as labaredas (controladas e processadas) do saxofone tenor.
Durante uma hora e meia o público do Maria Matos (sala esgotada) esteve submergido numa atmosfera continuamente nebulosa ou aquilo que alguns poderiam chamar de “música psicologicamente densa”. Foi uma demorada sessão de hipnose ensonada, cuddling sem tesão, excesso de tranquilidade e escassez de ideias. A única excepção aconteceu apenas perto do final, com momentos de maior tensão e turbulência, fruto de uma intervenção mais enérgica da guitarra de Hungtai.
© Luís Martins
Quem esperava canções de rockabilly pós-moderno saiu defraudado. Quem goste de mergulhar no nevoeiro, não terá saído desagradado. Mas soube a pouco.