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Milton Nascimento
Coliseu do Porto
27-/10/2013


Não devia estar muito mais do que meia casa no Coliseu do Porto. Mas mesmo assim o clima era o de celebração (e assim foi de facto) dos 50 anos da carreira de um dos maiores nomes da música brasileira, Milton Nascimento. A digressão que o trouxe até ao Porto, apelidada de Travessia, propunha-se a fazer uma viagem pela extensa carreira do músico brasileiro em tom de festa. E assim foi.

Com uma banda muito mais do que simplesmente competente, e com um som que nunca foi - e felizmente - uma espécie de monge copista ao serviço do passado, Milton Nascimento passeou-se pela sua discografia durante cerca de duas horas prestando bastante fidelidade ao alinhamento do CD/DVD recentemente editado, Travessia. Mas com alguns desvios. E com uma maioria convincente de momentos interessantes.

Se dúvidas houvesse Milton Nascimento tirou-as muito rapidamente; o músico brasileiro está em belíssima forma. Com um alinhamento que percorreu várias etapas distintas da sua discografia, o brasileiro deixou bem clara a sua vitalidade criativa e interpretativa. Em canções como "Canção da América", "Caçador de mim" ou "Travessia" (já no encore), Milton Nascimento mostrou que a sua voz está exactamente onde deve estar 50 anos depois de tudo ter começado.

Pouco depois de uma hora de concerto, Milton Nascimento convidou para o palco a fadista Carminho que por lá ficou durante cerca de meia-hora, primeiro com o seu grupo habitual e depois em vários duetos com o brasileiro (com especial destaque para “A Rosinha dos Limões”). Apesar do momento se ter alongado um pouco mais do que aquilo que seria de esperar, abrilhantou um concerto em que a carreira de Milton Nascimento esteve perfeitamente no centro de todas as atenções.

André Gomes
andregomes@bodyspace.net
01/11/2013