bodyspace.net


Thurston Moore
Teatro da Trindade, Lisboa
12/03/2012


Na primeira das duas noites promovidas pela ZDB, o Teatro da Trindade foi o palco que recebeu Thurston Moore, o membro eterno dos Sonic Youth, “o nosso irmão cool mais velho” - conforme lhe chamou Mário Lopes no Ípsilon. Perante uma sala bem composta (pouco faltaria para esgotar), Thurston agarrou a guitarra, mostrou-se bem disposto e encetou até alguns breves momentos de diálogo com o público.

O concerto abriu com “Orchard Street”, do recente Demolished Thoughts, canção de espírito clássico, naquela tranquila toada que tem marcado a sua carreira a solo recente – e que destoa do fulgor eléctrico da sua banda de sempre. Foi um arranque tranquilo, mas no final dessa primeira música chegou a prova que a electricidade faz mesmo parte do seu ADN, transformando-se num vendaval de distorção. Tinha passado apenas uma canção e naqueles breves minutos pudemos saborear, de forma condensada, tudo o que havia de passar por aquele palco ao longo da noite.

Thurston passou depois para a guitarra acústica, para uma sequência de canções mais tranquilas e sem vertigem eléctrica. Ao seu lado estavam Samara Lubelski (violino), Keith Wood (guitarra), John Moloney (bateria), trio que cumpriu a tarefa de acompanhamento de forma ideal, sem desvios. O guitarrista nova-iorquino passou por diversos momentos da sua carreira a solo, como o bom exemplo de “Fri/End” (do anterior Trees Ouside the Academy).

Na segunda metade da actuação Moore regressou à guitarra eléctrica, explorando música mais abrasivas, próximas do universo Sonic Youth, acabando por destilar finais explosivos, plenos de energia, distorção e feedback. Para o final ficou reservada “Circulation”, uma das mais memoráveis canções de Demolished Thoughts, também grandiosa nesta interpretação ao vivo. Já no primeiro de dois encores Thurston Moore atira-se a “Psychic Hearts” (do disco homónimo de 95, que estreou a carreira solo) e canta, em jeito de despedida, “I will always love you”. Nós também, Thurston, nós também.

Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
18/03/2012