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Eternal Tapestry / Unzen Pilot
Plano B, Porto
5/11/2011


A noite era claramente de psicadelismo. Não havia dúvidas no muito sugestivo cartaz do evento (literalmente, o cartaz de colocar nas paredes), não havia dúvidas nenhumas no alinhamento da noite. E durante a noite confirmou-se: gente de olhos fechados em viagem para outro lado qualquer. A viagem começou a falar-se em português - salvo seja. Primeiro com os Surya Exp Duo (não deu para chegar a tempo) e depois com os Unzen Pilot, uma agradável surpresa que tem tardado a sair para disco e para palco. Pelo que deu para saber nessa noite, os Unzen Pilot – belo nome diga-se de passagem – não vão demorar muito mais tempo a sua chegada triunfal.

A ver pelo que se ouviu, Eduardo Magalhães na guitarra, João Filipe na bateria, Leonel Sousa na guitarra e Rui Leal no baixo têm mesmo a obrigação de mostrar mais vezes a cara em cima do palco nos próximos tempos. As explorações que mostraram no Plano B são suficientes para acreditar que daqui pode nascer mais uma bonita ramificação da música psicadélica em Portugal. Assim que acabou o concerto de Unzen Pilot ouviu-se Neu! nas colunas do Plano B e isso fez todo o sentido quando a banda que iria subir ao palco pouco depois era aquela que era (desculpem lá qualquer coisa).

O concerto dos Eternal Tapestry, que apresentavam Beyond the 4th Door, com selo da Thrill Jockey, começou com alguns problemas de som mas à medida que foi avançando – e estes se foram corrigindo – a viagem foi ganhando cada vez mais interesse e densidade. Aquelas guitarras, por momentos, pareceram tudo o que de importante havia no mundo. Infelizmente, quando a nave começou a levantar voo a viagem foi interrompida demasiado cedo, já o aparelho havia levantado as rodas do chão. O concerto, curto na sua duração, foi longo na imaginação. Mas foi curto, não haja dúvidas. No final de tudo, ficou na boca aquele sabor agridoce das coisas que duram pouco tempo. Fica para uma próxima?

André Gomes
andregomes@bodyspace.net
11/11/2011