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Max Richter
Teatro Maria Matos, Lisboa
5/11/2011


Max Richter ao piano, numa ponta do palco, a comandar as operações, utilizando um laptop para lançar as texturas electrónicas que se entrelaçam nas linhas instrumentais das composições. No centro do palco, o quinteto de cordas que o acompanha com mestria: dos violinos de Louisa Fuller e Natalia Bonner aos violoncelos de Philip Sheppard e Chris Worsey, passando pela viola de John Metcalfe. Ao fundo, a projecção em vídeo que Julian Opie montou para o mais recente álbum de Richter, “Infra” (2010) – animação minimalista, cadenciada, que joga bem com a elegância formal da música, densa e envolvente.
© Emília Salta

O compositor britânico (nascido na Alemanha) parte de um paradigma clássico e vai beber inspiração ao minimalismo erudito de Terry Riley, Steve Reich ou Philip Glass, com uma forte componente visual (entre diversas bandas sonoras de filmes, detaque para “Waltz With Bashir”, 2008, de Ari Folman, abordada ao longo do concerto) e experimental.
© Emília Salta
© Emília Salta

Depois de se formar na Academia Real de Música de Edimburgo, seguindo-se uma temporada em Florença sob a batuta de Luciano Berio, Richter deu os primeiros passos criativos em formações como o colectivo Piano Circus (juntamente com outros cinco pianistas) ou em colaborações com The Future Sound of London ou Roni Size. Ou seja, com um pé na música clássica e outro nas linguagens electrónicas contemporâneas.

A carreira a solo, em nome próprio, teve início em 2002, a partir de "Memoryhouse". O mais recente capítulo, "Infra", marcou a primeira parte do concerto. Na segunda metade assistiu-se a uma deambulação por entre os restantes álbuns e bandas sonoras. Ao todo, cerca de 2 horas de viagem sensorial, repleta de sugestões imagéticas a partir da própria música, dado que a projecção em vídeo se cingiu às faixas de “Infra”. Praticamente não comunicou com o público, para além de apresentar os cinco instrumentistas, mas nem por isso deixou de maravilhar a audiência. Um concerto belíssimo, pleno de contenção narrativa, não obstante as catarses emocionais de “On the Nature of Daylight” e, a encerrar, “The Trees”. Quase perfeito.

Gustavo Sampaio
gsampaio@hotmail.com
09/11/2011