The Glockenwise / Pega Monstro
Musicbox, Lisboa
25/03/2011
Há meses, após os termos visto no Milhões de Festa, dissémos que os Glockenwise eram uns dignos sucessores dos Vicious Five; na altura, tinham apenas em mãos um punhado de canções punk rock contagiante, enérgico, e complementavam-no com uma enorme presença em palco. Hoje os Barcelenses têm na bagagem Building Waves, que mostra uma banda ligeiramente mais amadurecida no que a compôr boas canções diz respeito - mas nem por isso perdem a pujança ou a diversão estampada no rosto de cada um dos quatro (com Nuno Rodrigues, vocalista, a encarnar bem esse espírito).
Apesar disto, os Glockenwise não podem herdar esse legado de uma das melhores bandas do rock nacional da década passada. Porquê? Porque os Glockenwise são já algo à parte: os Glockenwise dão sorte. São um trevo de quatro folhas, uma pata de coelho tornada banda. Permitem que um qualquer loser, depois de se ver sem transportes e a vaguear por Lisboa às tantas da madrugada, abordado por prostitutas sem dentes e por vendedores de (mau) hash, se encontre, minutos depois, na presença de raparigas bonitas e a ver Alexis Taylor dos Hot Chip a passar discos até às sete da manhã. Só por isto os Glockenwise já mereceriam ser a melhor banda do mundo.
Para já, são uma grande banda - em disco e em palco. Gritam em coro pela diversão, gingam de um rock n´roll frenético para um blues mais pesado, encarnam momentos stoner (ou não fossem de onde são) que desaguam num clímax de electricidade, tocam malhas como "Scumbag", que à primeira é boa, à segunda excelente, à terceira um hino geracional. Não se sentiu estarem a tocar para um Musicbox cheio pela metade, mas para uma enorme plateia de miúdos com sede de rock. Mais do que terem nascido do tédio, os Glockenwise acabam com o tédio.
E não só, pois também trouxeram as Pega Monstro, um duo de riot grrrls que fazem canções a puxar a Wavves (embora, sendo miúdas, mais valha falar de Best Coast) com temas e letras tão hilariantes quanto eu vi um macaco ou ainda uma ode ao festival de Paredes de Coura. Nem o nervosismo admitido pela vocalista, nem a honestidade da mesma quando revela não saber ainda tocar bem as músicas nos demove: as canções delas pegam-se ao ouvido.
Paulo Cecílio pauloandrececilio@gmail.com 26/03/2011