Joel Xavier
Barzinho, Ribamar
25/12/2010

Prestes a comemorar duas décadas de carreira, apesar de ter nascido há apenas 36 anos (no dia 25 de Abril de 1974), Joel Xavier está de volta à raiz dos blues. Acompanhado por Milton Batera (na bateria) e Markus Britto – no baixo –, o guitarrista, que gravou o seu 1º álbum aos 17 anos e já partilhou estúdios com grandes nomes da música (entre os quais o contrabaixista Ron Carter, lenda viva do jazz, com quem gravou, em 2004, Joel Xavier & Ron Carter in New York), partilhou a sua noite de Natal com aqueles que saíram do aconchego caseiro para desafiarem um frio quase polar.

No muito recomendável Barzinho – situado numa terra bem conhecida por amantes do bom marisco ou de ondas de qualidade mundial – o ambiente foi aquecido pelo fogo do Diabo, como sucede nas boas sessões de blues. Se Deus é Omnipresente, o Demónio também consegue estar em mais do que um sítio ao mesmo tempo – enquanto Joel Xavier manipulava o seu tridente eléctrico perto da Ericeira, Legendary Tiger Man dava o seu 10º (e último…) concerto natalício na Zé dos Bois, em pleno Bairro Alto lisboeta.

Pouco depois de o concerto começar, Joel Xavier informa que a banda decidira manter o concerto, apesar de o baterista ter partido a clavícula uns dias antes. Os comprimidos para anestesiar elefantes terão ajudado, mas… não terá sido um pacto com o Diabo que permitiu a Milton Batera tocar toda a noite... por vezes apenas só com uma mão?

Joel Xavier foi desfilando clássicos do cancioneiro blues, como “Hoochie Coochie Man”, de Willie Dixon, ou “Boom Boom Boom Boom”, de John Lee Hooker, em que houve uma participação especial. Qual prenda inesperada, Joel Xavier chamou ao palco Afonso Batalha, proprietário do Barzinho, para acompanhar o trio com a sua harmónica. Houve, também, lugar para adaptações fora do óbvio. Stevie Wonder, por exemplo, largou o piano e chorou as suas mágoas à guitarra.

O Natal é sobretudo partilha entre família e amigos; e os blues são uma música de emoções – as Festas assim são sempre Boas.