Manuel Mota, David Maranha e Riccardo Dillon Wanke formam os Dru, trio que explora falsos cenários ambientais, numa tensão combinada entre os instrumentos (guitarra eléctrica, orgão e piano eléctrico) – em 2008 editaram o disco
L’ Aiguille du Dru. Na ZDB os três instrumentistas apresentaram-se em actuações individuais, mostrando as particularidades das suas distintas personalidades musicais.
Mota foi o primeiro a actuar, revelando um som de guitarra mais processado, fruto da utilização do pedal “wah wah”. Comparativamente com
Sings, disco solo editado em 2009 (e um dos nossos
discos do ano), Manuel Mota mostrou um som menos “puro”, mais lento, menos focado na própria linguagem, mais interessado numa exploração mais “sónica”. No entanto, as marcas da sua música mantém-se: a permanente pesquisa, a subversão das noções de tonalidade, a fisicalidade da sua abordagem, o imprevisível dedilhar. Apesar das diferenças com o mais recente disco, Mota apresentou um trabalho sonoro curioso, igualmente interessante.
Riccardo Dillon Wanke, multi-instrumentista italiano que nos Dru explora o piano eléctrico Fender Rhodes, serviu-se para esta actuação da guitarra eléctrica e pedais de efeitos. Começou com um dedilhar estranho, servindo-se também do e-bow, e foi utilizando ainda o sampler, numa música que ao início pareceu algo perdida mas que foi depois evoluindo para bucólicas malhas circulares, num trabalho de quase hipnotismo. David Maranha foi o último a actuar, trabalhando no orgão uma dinâmica mais enérgica, visceral, afastada daquela emoção controlada que tem mostrado nos concertos dos Dru ou nas mais recentes apresentações dos Osso Exótico. Explorando diferentes direcções, os três músicos mostraram caminhos diferentes daqueles que lhes conhecemos: fugiram à previsibilidade.