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Fuck Buttons / Ninjas
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
01/10/2009


Quinta-feira, 1 de Outubro, 2009. Dia de aniversário do nosso colega Catarino. E o presente de anos dele (e o meu e de muitos, antecipado) estava na Zé dos Bois, onde surgiu e se repetiu a magia das grandes noites do aquário de vapor. Ali em pleno templo do suor, pois será sempre um sítio abafado e quente demais para ver qualquer concerto (se ganhasse o euromilhões seria o vosso mecenas do ar condicionado, bem, tornava o fornodrome numa frigoarena, melhor, comprava-vos um espaço excentricamente maior, ah comprava). Mas voltando à ZDB de ontem. Cheia, à pinha. Gente cá fora ainda à espera de alguma reserva que vagasse magicamente. E lá houve algumas. “Bem-vindos, felizardos como eu” pensei enquanto entrava.

Ninjas na Galeria Zé dos Bois, 1 de Outubro de 2009. Fotografia de Vera Marmelo
Ninjas © Vera Marmelo

Onze e meia da noite, algo atrasado por questões estupefacientes, sobe-se as escadas, cumprimenta-se a São Bernardo gigante que é da menina Furtado acho, já que um dia a vi sorridente em Campo de Ourique a apanhar o seu cocó igualmente gigante com o saquinho. Houvesse mais dono(a)s de cães assim. Já na sala ainda não tão transpirante, transpirava o nosso colega bodyspacer Bruno Silva, ninja da seita Kluster de Zwei Osterei mergulhado de joelhos em zen industrial dividido em selos alucinogéneos pré-hara kiri com a impressão “banzai!”. Desculpa Bruno a minha chegada atrasada, mas ainda deu para 15 minutos do melhor que se ouve por terras lusas e aperitivo perfeito para a perfeição do que veio a seguir. Gente a entrar aos molhes, banda sonora interlúdica de Ariel Pink e um disco perdido de Harmonia, pelo menos parecia, e eis 23 horas e 51, Andrew Hung e Benjamin John Power no palco, à esquerda e à direita respectivamente. Um frente a frente que começou a abrir e nunca mais parou, voo descolado por alguém que gritou no meio do público em plenos pulmões “Fuck Buttons”. E foi uma fuck com bolinha no canto superior direito meus caros.

Fuck Buttons na Galeria Zé dos Bois, 1 de Outubro de 2009. Fotografia de Vera Marmelo
Fuck Buttons © Vera Marmelo

Pois. Uns têm “Brothersport” e estes têm Tarot Sport. Uma colagem de nome que se supera no plágio com um grande disco que vai dar cartas num futuro breve e que resulta maravilhosamente ao vivo. É mais dançável, mais extasiante, quase Kompakt, M83 num dia janado, 100 % Fuck Buttons. O público notava-se que estava ali para curtir, havia muita gente a dançar. No Porto não sei se a promessa foi cumprida, mas na ZDB havia muitas miúdas bonitas. Lisboetas a dançar ao som de “The Lisbon Maru”. De olhos em como os britânicos “fuck” aqueles botões. Não paravam um segundo. Cada música escorria para outra, com todos a escorrer de suor, qualquer semelhança com sexo será coincidência, mas os neurónios de muitos via tímpanos atingiram o clímax várias vezes com a repetição sincronizada do duo noise. Em novos clássicos como “Surf Solar”, o super-hiper-triper-fantástico “Olympians”, a gloriosa “Space Mountain”. Para não falar da loucura generalizada quando nessa torrente sonora se intrometeu alguma música do primeiro álbum deles. Esquizofrenia assistida total com “Bright Tomorrow” ou “Ribs Out”, maníaca na vertigem percussiva de Power e que power, oh yeah! Muito bom. Quase uma da manhã, sem parar, parou-se. Descanso mínimo, ao som das palmas da rendição total da assistência, e eis o sumptuoso “grand finale”, um dos hinos deste século XXI, a maravilhosa “Sweet love for planet Earth”, canção de amor de dois extraterrestres apaixonados por este planeta. Pá, foi demais, até à mais breve possível próxima.

Nuno Leal
nunleal@gmail.com
02/10/2009