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Soy Un Caballo / Humanization 4tet
Maxime, Lisboa
04/04/2008


Ao fundo do palco, a cortina prateada com reflexos brilhantes parecia ter saído do catálogo da American Apparel. O espaço do cabaret luxuoso-decadente não poderia ser mais contrastante com a música que a dupla belga Soy Un Caballo apresentou. As melodias encantadoras de Aurélie Muller e Thomas Van Cottom assentam numa simplicidade desarmante: a voz é apoiada pelos sons de guitarra, do baixo, de alguns sons pré-gravados e do belíssimo vibraphonette (variação portátil do clássico vibrafone).

Soy Un Caballo © Pedro Seixo Rodrigues

Com esta peculiar instrumentação, as boas composições da dupla são envolvidas numa estrutura leve, quase etérea. Sendo a temática do amor recorrente à maioria das canções, o imaginário do grupo é feito também de elementos da natureza (cavalos incluídos, claro está) numa atenção ao detalhe que ia até às vestimentas que a dupla envergava no palco do cabaret da Praça da Alegria.

O americano Bonnie “Prince” Billy, que colabora no disco (e já conhece bem o histórico cabaret), não chegou a aparecer, mas a dupla Aurélie & Thomas foi mais que suficiente para criar um óptimo concerto indie-folk. Esta primeira apresentação em Lisboa – integrada numa pequena tour pelo país - serviu para mostrar que a doçura da música dos Soy Un Caballo merece a atenção de um público mais alargado.

Na primeira parte actuou o Luis Lopes Humanization Quartet, grupo luso-americano que junta Luís Lopes (guitarra), Rodrigo Amado (saxofone tenor), Aaron Gonzalez (contrabaixo) e Stefan Gonzalez (bateria). Num registo claramente contrastante com a banda belga, o quarteto apresentou ao vivo o material que compõe o seu disco de estreia, a ser editado pela hiperactiva Clean Feed.

Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
04/04/2008