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Clubbing
Casa da Música, Porto
19/01/2008


O cenário principal fazia-se sobretudo de bolinhas disparadas através dos artifícios habituais para o efeito (objectos distribuídos gentilmente por uma companhia de telemóveis conhecida da nossa praça). O ambiente é, como sempre, de grande entusiasmo; o Clubbing tornou-se numa das noites mais concorridas e apetecíveis (os bilhetes terão até esgotado) da noite do Porto. Independente do cartaz, independentemente da data, independentemente. Para além do ambiente e da festa, dos DJs e da música em funcionamento por todo o edifício, havia dois motivos principais para a romaria – as duas bandas da noite. A Sala 2 era a Meca de muitos e apenas uma miragem para aqueles que optaram por pagar um bilhete mais reduzido e ter acesso a todas as outras áreas do edifício com excepção desta.

Na sala 2 apresentavam-se primeiramente os portugueses Coldfinger, que traziam o seu último disco de originais, Supafacial. Mas pelo que se viu no concerto no concerto da Casa da Música continua a faltar aos Coldfinger uma personalidade vincada; ainda não conseguiram fazer o corte com o passado. O single “Supafacial” tem alguns bons apontamentos e a versão para “Whole Lotta Love” algum encanto, mas, como a reacção do público algo apática do público o sublinhou, os Coldfinger têm ainda um caminho a trilhar para que a sua música possa exibir orgulhosamente um carimbo próprio. Até lá ficámo-nos pelas intenções e por um ou outro apontamento interessante.

Era óbvio. Tudo se preparava claramente para receber os Go! Team e a sua fusão de indie pop/rock com hip hop. O regresso dos britânicos parecia ser assim o nome onde se depositavam mais esperanças. Apesar do som algo atrapalhado, os Go! Team sugiram em palco com a energia e pujança que se esperava. A proposta é de facto tentadora em teoria mas nem sempre resulta bem. Apesar de por vezes não se ouvir a sua voz de forma conveniente, Ninja soube bem receber os inputs, mas os Go! Team por vezes são circulares na pior forma de se ser circular: na repetição de estratégias. Se todas as canções mostrassem a diferenciação e distinção de “Grip Like a Vice” a coisa estaria resolvida logo ali. Ou quando se apropriam de canções de outros (de forma mais ou menos declarada, mas sempre às claras). Houve momentos bons, é certo, mas os Go! Team não encheram as medidas. Talvez se possa resolver a coisa nos 60%. Talvez fique para outra ocasião. Por enquanto o Clubbing de Fevereiro promete e muito.

André Gomes
andregomes@bodyspace.net
19/01/2008