bodyspace.net


Wintercase San Miguel 2007 - Explosions In The Sky / Spoon
Razzmatazz, Barcelona
24/11/2007


Depois do sucesso do solarengo Summercase, o festival Wintercase levou música “independiente” a quatro cidades de Espanha – Madrid, Valência, Bilbao e Barcelona. Integrados neste festival, Explosions In the Sky e Spoon actuaram na capital da Catalunha no passado dia 24 de Novembro. A sala 1 do Razzmatazz, a poucas dezenas de metros das salas 2 e 3 onde se aglomerava uma quantidade assustadora de punks old-school, acolheu a comunidade indie catalã que lotou o espaço, entre muitos ténis all-star, franjas, skinny jeans e alguns bigodes.

Impecavelmente pontuais (20h30!), os Explosions In The Sky foram os primeiros a actuar. Apresentaram-se em castelhano - “hola, somos las Explosiones En El Cielo” – e começaram por rasgar a sala com o seu post rock instrumental. A confluência das três guitarras cruzadas, amplificadas na cadência forte da bateria, seguiu as coordenadas já sabidas. Numa possível intersecção entre Mogwai e Godspeed You Black Emperor!, a música dos Explosions In The Sky vive de crescendos épicos, numa mescla intensa de melancolia e energia. A fórmula já é há muito conhecida e passados quinze minutos acaba por se tornar redundante – mas justificou a sua eficácia ao pôr as muitas cabeças que enchiam o recinto a abanar em simultâneo.

Os Spoon apresentaram ao vivo o disco “Ga Ga Ga Ga Ga”, o mais recente e provavelmente o mais celebrado álbum da sua carreira. Apesar de alguns problemas técnicos iniciais (ao nível do som), a banda conseguiu ultrapassar essas falhas e deu um espectáculo competente. Se bem que nem todas as músicas tenham uma eficácia pop perfeita, a objectividade de alguns temas é marcante. Não é exagero dizer que ao vivo o vocalista/guitarrista vale por 70% da banda e que 50% dos temas justificam a audição.

Aparte da origem geográfica (Austin, Texas), pouco haverá em comum entre os Explosions In The Sky e os Spoon: dois registos diferentes, dois modos distintos e originais de trabalhar a tal “música independente” contemporânea. Apesar da distância sonora que separava ambos os projectos, ao vivo as duas abordagens passaram o teste, numa clara aprovação dada pelos indies espanhóis.

Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
24/11/2007