I - A música electrónica no contexto pós-moderno
· 30 Mar 2002 · 08:00 ·
Será certamente muito difícil para o ouvinte comum distinguir o bom do mau hoje em dia. Com a multiplicidade de meios e de propostas artísticas que se oferecem, cria-se cada vez mais uma resistência ao que tenta ir um pouco mais longe, e esse fenómeno não se limita apenas à música. Com efeito, em toda a Arte se assiste a uma radicalização do que pode ser feito: por um lado, uma Arte extremamente intelectualizada [a Arte pela Arte], filha do movimento moderno, feita e absorvida por uma elite fechada, e, por outro, a Arte para todos, o que condiciona de sobremodo a mensagem dessa mesma Arte. Não esquecendo Realismos e Neo-Realismos, consequências de um contexto político e social específico, essa mesma Arte(?) reduz-se quase à musica, meio mais eficaz e imediato do que a pintura, por exemplo - e sendo que o imediatismo é tão valorizado nos nossos dias – e à música Pop em concreto.
Porém, de forma injusta, é colocado nos criadores o peso de fazer uma arte que agrade tanto a trolhas que possam pôr uma música agradável no seu rádio a pilhas enquanto trabalham como ao melómano mais exigente que coleccione todas as covers de “SummerTimeâ€.
No BodySpace, embora conscientes da necessidade de divulgar a Arte, e mais concretamente, a Música, as críticas aqui presentes não farão provavelmente parte do “Top +†ou do “Made in Portugalâ€. Não por elitismo, mas porque, na nossa opinião (claro que quem somos nós para o dizer...), infelizmente as propostas de maior qualidade não coincidem com as que mais vendem, e nunca chegarão, enquanto o público for tão iletrado e mal-informado – não são os artistas que criam arte elitista – na minha opinião a esmagadora maioria do próprio público é que não se interessa. É por isso que, embora tão mal tratada, a expressão “espaço alternativo†ainda faz, e fará sempre, sentido.
Nuno Cruz

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