As dez melhores canções de sempre neste preciso momento #12 - Luís Fernandes (peixe : avião)
· 10 Nov 2008 · 23:44 ·

Luís Fernandes é o Astroboy que conhecemos mas também membro dos peixe : avião, dois projectos que significam formas bastantes distintas de escrever canções, o que só por si o coloca numa posição bastante privilegiada para eleger as 10 canções de uma vida - neste preciso momento e mais nenhum, não nos cansamos de repetir. A posição adquirida dá até para saltar de década em década, de género em género, de cenário em cenário, quase de planeta em planeta, na procura de uma verdade universal que é de cada um e mais ninguém. Pode parecer uma gigante contradição mas esta é a verdade universal pessoal e vagamente transmissível de Luís Fernandes no que ás canções da sua vida diz respeito.

 
Como o próprio nome da rubrica indica, esta escolha mudaria, com toda a certeza, se a fizesse noutro dia ou a outra hora. Reflecte principalmente aquilo que tenho ouvido nos últimos tempos. Sem nenhuma ordem em particular as minhas escolhas são:

"Tokyo Witch", Beach House: O Tokyo Witch é um belo tema de um disco que é companhia inseparável desde o momento em que o descobri. O final tem uma simplicidade desarmante e carga emotiva que faz arrepiar qualquer um. Também podia apontar um qualquer tema do álbum que se segue, o Devotion, pois mantém o nível do primeiro. Acho que os Beach House vieram para ficar.

"Come on Let's Go", Broadcast: Um pequeno bálsamo para a alma de uma banda que consegue manter com sucesso simultaneamente uma faceta pop e uma faceta exploratória. Som vintage com baterias lo-fi, guitarras encharcadas em reverb e teclados espaciais, como poderia não resultar?

"GNG BNG", Flying Lotus: Conheci este rapaz por altura do EP Reset. Era um EP curto mas que tinha qualquer coisa de especial. Este ano fiquei surpreendido com o álbum de estreia. Este GNG BNG significa bom gosto para dar e vender bem como um dos melhores momentos de sampling que já tive oportunidade de ouvir. Hip Hop e electrónica numa fusão perfeita.

"The Ecstatic Static", Stereolab: Os stereolab são uma banda que me habituei a admirar pelo seu pop inteligente, em que a electrónica tem um papel preponderante. 2008 trouxe outro momento alto na sua longa carreira. Incrível a forma como conciliam belas construções harmónicas com uma inteligência invulgar na roupagem que dão a cada tema. The ecstatic static é uma musica bonita e contemplativa com uma estrutura e construção rítmica que a impedem de se tornar monótona.

"Sunshine Recorder", Boards of Canada: A descoberta dos os Boards of Canada por altura do lançamento de “Music has the right to children†foi um momento importante para a minha formação enquanto musico, pois abriu-me portas para outro tipo de sonoridades. Já lá vai muito tempo desde esse disco mas os BOC continuam a ser uma referencia incontornável para mim. Este tema é do disco Geogaddi e é um excelente exemplo de electrónica hipnótica dos BOC.

"Running Thoughts", Deerhoof: Foi a música que me chamou a atenção para os deerhoof. Na minha opinião são uma das bandas mais importantes dos últimos anos pelo seu som único, pela sua capacidade de se reinventarem e pela absurda criatividade que repetidamente demonstram. Neste tema (bem como no disco onde se encontra) adoro a crueza da captação e da produção bem como a forma como a musica cresce ate ao final.

"Like New", Deerhunter:
2:13 de pop espacial (e especial) que nos transporta para outra dimensão. Ambientes típicos da Kranky cruzam-se com o que de melhor tem o indie americano. Não me consigo cansar de ouvir este tema. Outra das bandas que, na minha opinião, vieram para ficar por cá muito tempo.

"Tomorrow Never Knows", The Beatles: Em qualquer lista deste tipo deveria figurar um tema dos Beatles. Escolha a Tomorrow never knows porque nunca deixa de me fazer confusão pensar que foi editada em 1966 (!!!!!!).

"Fenix Funk 5", Aphex Twin: Costumo dar bastante atenção aos processos utilizados pelos artistas de que gosto. Talvez seja por isso que o Aphex Twin me continua a surpreender depois de tantos discos. A série Analord representa a excelência no domínio analógico segundo Richard D. James. Sintetizadores divinais e uma sequenciação perfeita. De ouvir e chorar por mais!

"TNT", Tortoise: Habituei-me a olhar para os tortoise com muito respeito, por diversas razões. A forma como desenvolveram a sua sonoridade, criando instrumentais únicos que bebem do jazz moderno, da electrónica e do rock, talvez seja a principal. Este tema é um excelente exemplo de uma banda composta por músicos que combinam competência na execução e criatividade nos arranjos.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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