Tops 2005
· 30 Dez 2005 · 08:00 ·

Pode até ter sido 2005 o ano em que os dinossauros tropeçaram finalmente no cadafalso. Adensou-se o fosso entre concertos para massas e happenings microscópicos testemunhados por vinte pessoas. Cumpriram-se sacrifícios distintos. Pernoitar numa gasolineira equivaleu à oportunidade de ver um sagrado legado tornado feira. Resistir à temperatura matinal de Coura garantiu a visão de Juliette Lewis ao transformar-se em toura. Houve diversidade suficiente para que cada um optasse por “momentos maiores que a vida” a seu gosto. Os Coldplay, a Atlântico, provaram que advir de laboratório é convincentemente romântico . O Colectivo Animal antecipou, em três datas, o Natal. O reggae bifurcou-se em r€gga€ e a familiaridade junto de lendas como Toots e Horace Andy. Terá sido este o ano em que finalmente os Guano Apes e os funcionários dos hotéis Íbis deixaram de se tratar por “tu”. Coura, ZDB e Casa da Música constarão do dicionário de 2005 como sinónimos para “Ámen”.


André Gomes

1. As canções maiores que o mundo dos Arcade Fire, a loucura em palco (que se espalhou para a plateia) e duas ou três pérolas (momentos mágicos) em especial do melhor concerto do melhor Paredes de Coura de sempre (e o evento do ano que concentrou a comitiva Bodyspace mais alargada).

2. Já se dizia por aí que um concerto deles é coisa para não se perder, fosse qual fosse o motivo. E se loucura existiu em Paredes de Coura, 50% dela vai direitinha para cima dos !!!, autores do electrizante Louden Up Now, transposto com muito suor e energia para o palco do Paredes de Coura. O Concerto dos !!! é mais uma prova que atesta a qualidade do Paredes de Coura 2005.

3. As canções sem fundo de segurança de Antony e dos seus Johnsons ecoando na maravilhosa sala 1 da Casa da Música. É por esta e por outras (como por exemplo o concerto que deu em Famalicão logo no dia a seguir, também presenciado pelo escriba) que Antony é uma das figuras principais da música feita em 2005.

4. O assobio dourado e o violino ‘russo’ de Andrew Bird, sozinho e descalço em pleno palco da Casa das Artes, em Famalicão. O Sonho Pop de uma noite de Setembro. O motivo? O muito recomendável The Mysterious Production of Eggs.

5. O momento exacto em que os espíritos e os fantasmas dançaram um pouco por todo o lado (pelo chão, mas principalmente pelo ar) quando “Banshee Beat” se desenvolveu quase que por magia na sala 2 da Casa da Música, no Porto, naquele que foi o concerto mais esperado do ano.

6. As bombas dance-punk dos LCD Soundsystem de James Murphy na Casa da Música, que valeu por 10 mil cintas adelgaçantes e que confirmou que aquela noite estranha de Paredes de Coura 2004 foi mais do que um sonho.

7. O fado-não-fado de Cristina Branco, a pureza das suas canções na sua segunda noite no Passos de Manuel, no Porto. Ulisses, o seu último disco, tornado realidade ali, num turbilhão de emoções à flor da pele.

8. O abstracto, o imprevisível, as canções de amor trágico-cómicas do Quinteto Tati no Maus Hábitos, no Porto. Pouco mais há a dizer quando J.P. Simões toma a palavra: “Sem hesitar, ele levou-a para o apartamento / e ela contou-lhe em pormenor o tormento / das máfias da emigração que matam sem compaixão / Ficaram lá por casa, ele era um jovem só / e ela começou a fazer pão-de-ló / Certa noite, a gratidão / desenfreou-os pelo chão".

9. O rezar aos céus, as canções quase violentas (ou mesmo violentas) de Woven Hand pela mão do reverendo David Eugene Edwards. Cavalos, 16, ainda se encontram à mesma hora para a mesma celebração, no Festival para Gente Sentada, em Santa Maria da Feira. Foi melhor que o de Paredes de Coura 2005, porque foi mais coeso. Perdeu a noite, mas ganhou o intimismo possível com quem trata as palavras daquela forma.

10. A electrónica demente do também ‘demente’ Felix Kubin em concerto (que meteu sangue, facas e dança em doses consideráveis) inserido num fervilhante Best.Off, certame organizado pela Casa da Música, no Porto; festival esse que foi também um dos momentos de 2005, especialmente na última e derradeira noite.


Eugénia Azevedo

1. Os New Order tocam finalmente em Portugal. Bernard Sumner e companhia revisitam à beira Tejo, e para nosso contentamento, Blue Monday; tempo ainda para recordar Ian Curtis e os 25 anos passados sobre o seu desaparecimento.

2. O Cinema Batalha, no Porto, abandona durante um fim-de-semana o coma em que tem vivido e recebe o evento Moda Marginal. Na segunda noite do evento, o espaço recebe as actuações ao vivo de X-Wife e Wraygunn.

3. As cadeirinhas brancas no parque de Serralves anunciam mais uma edição de "Jazz no Parque". Em três sábados consecutivos, desfilam Zé Eduardo Unit, Aki Takase e Julius Hemphill, dinamizando um espaço no Porto do qual o afastamento me foi sempre impossível...

4. A Casa da Música é finalmente inaugurada prevendo-se o início de uma nova etapa no cardápio musical da invicta. Os programas primam pela imprevisibilidade e algumas surpresas tomam conta das salas de espectáculo. Os brasileiros Los Hermanos são, afinal, indie!

5. No Passos Manuel, no Porto, é possível testemunhar e apoiar novas tendências onde o experimantalismo é rei e senhor. Em noite de simbiose "som e imagem", o português Phoebus mostra que não está disposto a ficar aquém do que se faz lá fora, abrindo meritoriamente para uns Dead Texan de fazer abrir a boca (de sono, claro!).

6. Atestando ainda a versatilidade do Passos Manuel, Cristina Branco presenteia a plateia com o lirismo das suas composições cristalinas, desarmando-nos com o desvendar da alma portuguesa a cada verso proferido. Assim se fez a história da primeira de duas noites da responsabilidade desta voz de encantar.

7. A Sudoeste tudo de novo... Devendra Banhart não deixa ninguém indiferente ao folk inconfundível da sua música e do espírito com que a apresenta, deixando em estado de hipnose apreciadores e cépticos.

8. A editora Bor Land decide festejar os seus cinco anos de actividade junto do seu público, numa sala perto de nós. Perto, pertíssimo de mim, o espaço Tertúlia Castelense abre as portas ao consagrado homem das canções, Francisco Silva. Respondendo pelo nome de Old Jerusalem, o músico foi hábil na criação de um ambiente intimista e familiar.

9. Os belgas Vive la Fête deixam o frio da bela Flandres e vêm incendiar o Blá-Blá em Matosinhos, provando que festa é mesmo com eles... Uma festa de electroclash, claro está.

10. Porque recordar é viver, Tom Morello lembra glórias antigas no Super Bock Super Rock e recorda os tempos em que a sua banda de culto ainda não tinha sido Kill(ed) in the Name (of Audioslave). God bless you Tom!


Helder Gomes

1. A reposição de Aurora, de F.W. Murnau, no cinema Nimas, em Lisboa.

2. O caminho de volta depois do concerto de Animal Collective, na margem sul.

3. Ver Lisboa filmada em tons azuis, em Alice, de Marco Martins.

4. A reedição de Goo, dos Sonic Youth, com extras simpáticos.

5. A malta que queria entrar na ZDB ao ver Dälek e Oddateee através do vidro.

6. A continuação das Cenas da Vida Conjugal, de Ingmar Bergman, no enorme Saraband.

7. O regresso dos NEU! via reedição.

8. Richard Youngs na capa da Wire.


João Pedro Barros

1. O "stage diving" de Win Butler, dos Arcade Fire, em Paredes de Coura - o clímax do concerto do ano.

2. Rufus Wainwright e a sua trupe em sessão de strip em pleno palco do Coliseu do Porto: momento nonsense do ano.

3. O silêncio confrangedor do público aquando da entrada dos Animal Collective em palco, na Casa da Música, e a expressão de Avey Tare como que a perguntar: "O que é que se passa?". Ninguém soube responder.

4. Toda a actuação de Nic Offer, vocalista dos !!!, em Paredes de Coura: prova de que se fizermos todo o que pudermos para não ter estilo, vamos ter um estilo do caraças. A roupa de veraneante descuidado (calções de praia e t-shirt gasta), a pele branca como a cal, os “dance moves” risíveis: não é que fez tudo sentido?

5. Ver o espectáculo que é o Peter Hook a tocar baixo; e ouvir 3/4 dos Joy Division a tocar a "Transmission" e a "Atmosphere", no Super Bock Super Rock.

6. Os copos e a conversa em Paredes de Coura, com o Dave Grohl aos berros como música de fundo.

7. Kimmo Pohjonen, no projecto Animator, na Casa da Música: possivelmente o concerto/performance mais envolvente e sensorial que já presenciei.

8. A viagem a caminho de Lisboa para ver os R.E.M., com uma bela mão cheia de músicas pimba como banda sonora; e o início arrasador do concerto: “Departure”, “Begin The Begin”, “The Wake-Up Bomb”. Pena que depois o registo tenha mudado para “arena rock” e “RFM friendly”.

9. A inauguração da Casa da Música. Nem estive lá na abertura, mas o ecletismo e qualidade da sua programação só me podem fazer concluir que valeu a pena. O Porto está mais bem servido em termos de propostas musicais, para bem de quem vive por cá.

10. JP Simões em palco e o seu humor impagável, que este ano presenciei em dois momentos, com o Quinteto Tati e os Belle Chase Hotel. Há quem já esteja farto dele. Eu confesso que não.


Miguel Arsénio

1. Antecipar as paredes de rock festivo que haviam de ser trepadas, ao som dos primeiros acordes de "Your Mouth is a Guillotine", na noite em que Vicious Five abriu para Ex-Models

2. Escutar a docemente profana "Mary" a 2 metros de Lou Barlow e ao lado de gente, que, como eu, se rendeu a esse momento como pastorinhos

3. Após algumas cervejas em Coura, recuperar a sobriedade própria das coisas fúnebres com o "Wake Up!" dos Arcade Fire (e sentir que gostava de te ter ali comigo)

4. Aproveitar a euforia animal para cantar "We Tigers!" à beira Tejo, na companhia geminiana do Hélder Gomes

5. Manter uma proximidade indecente da Roisin Murphy e perceber que o "Ruby Blue" era o melhor disco da Moloko desde "I am not a doctor"

6. Adormecer sobre a relva minhota e sob o sol de Agosto embalado por "Sweet Monkey of Mine" de Complicado

7. Alucinar mentalmente por digressões Lynch-Kubrickianas ao sabor da melancolia escandinava dos Logh no Alquimista (e só ter acordado dessa trip no dia seguinte, ao som de "Elephant Shoe" de Arab Strap)

8. Consolar a Aula Magna rendida a Devendra, com o pregão: "Não houve 'Santa Maria de Feira', mas houve CAVEIRA!" (nessa noite, o regresso a casa foi pouco menos que herético)

9. Ter a oportunidade de me demonstrar infinitamente grato perante o baterista John Stanier, herói de juventude, após concerto dos Battles no Sònar. Desabafei com ele o ódio pelo desprezível novo disco de Helmet. Confessou que ainda nem o tinha escutado.

10.
Tentar perceber se não seriam as nádegas de Juliette Lewis uma gota de sangue num tanque de piranhas, quando mergulhou sobre o público de Coura.


Nuno Catarino

Momentos:

1. Os dias cheios de música no Verão quente do jardim da Gulbenkian e o concerto magnífico do trio Schlippenbach / Evan Parker / Paul Lovens.

2. O fabuloso concerto de miss Sharon Jones no Santiago Alquimista, depois de uma amena conversa à tarde.

3. As noites no Lisboa Bar: Tetuti Akyiama, em primeiro; a grande noite free portuguesa, Frango / Manuel Mota / CAVEIRA; o aniversário Mondo Bizarre (que não teve concertos mas foi a festa do ano).

4. A descoberta da Casa da Música (Vladislav Delay, I-Wolf, E.S.T) e o crescimento da amizade com a cidade do Porto.

5. Os fins de tarde de jazz e música improvisada na loja Trem Azul – Manuel Mota, Sei Miguel, IMI Kollektief, Ernesto Rodrigues.

6. O reencontro com muitos amigos em Paredes de Coura; as miúdas de bikini a assistir ao jazz na relva; a música toda: Vincent Gallo, The Arcade Fire, Pixies, !!!, Nick Cave.

7. Muitos copos cheios de blues, ao som dos Nobody’s Bizness nas Catacumbas.

8. Ali Farka Touré e a lua cheia de Lisboa.

9. A conquista do campeonato nacional pelo Sport Lisboa e Benfica, encontrar amigos no Marquês de Pombal, seguir para o estádio, dormir duas horas e acordar fresco e feliz no dia seguinte; ouvir alguns dias depois o álbum “Black Woman” de Sonny Sharrock (uma das descobertas pessoais do ano).

10. Os concertos na Zé dos Bois e a efervescência de um certo rock endiabrado; a viagem de cacilheiro na noite Animal Collective.

11. A invasão folk de Santa Apolónia: Andrew Bird no Lux; Smog no Clube Lua (e Joana Newsom ali tão perto).

Concertos:
01. Alexander Von Schlippenbach / Evan Parker / Paul Lovens, Jazz Em Agosto - Gulbenkian (04-Ago)
02. Sharon Jones & The Dap Kings - Santiago Alquimista (11-Jul)
03. Sonny Fortune / Rashied Ali, forUmusic -Fórum Lisboa (04-Set)
04. Vincent Gallo - Festival Paredes de Coura (18-Ago)
05. Bernardo Sassetti Trio2 - Culturgest (04-Out)
06. Ali Farka Touré - Anfiteatro Keil do Amaral (22-Jul)
07. Tetuzi Akyiama -Lisboa Bar (03-Out)
08. Andrew Bird -Lux (06-Set)
09. Esbjörn Svensson Trio - Casa da Música (15-Jul)
10. The Arcade Fire -Festival Paredes de Coura (17-Ago)


Pedro Rios

1. Arcade Fire em Paredes de Coura: o concerto do ano no melhor festival português dos últimos tempos (de sempre?). Teve o dom de engradecer “Funeral” que me passara relativamente despercebido até então. Preencheu os requisitos de uma epifania. Vi a adolescência naquela trupe de putos, de coração nas mãos, sem medo do ridículo. “Us kids know”…

2. !!! ou os calções azuis de Nic Offer em Paredes de Coura: centenas de pessoas com o diabo nas pernas, virilhas e barrigas; punk funk repescado para 2005 sem centelha de nostalgia. Teria ficado como momento máximo do festival não fossem os Arcade Fire.

3. A conversa entre colegas Bodyspacers em Paredes de Coura durante a actuação de Juliette Lewis (que leva o prémio Inutilidade do ano).

4. O concerto dos LCD Soundsystem na Casa da Música: pop pós-moderna, concentrado de história da música popular, o gajo - James Murphy - com mais estilo da música actual.

5. Richard Youngs e Hototogisu no Passos Manuel numa noite de iluminação interior: Youngs deu sentido à expressão “música oblíqua” - formas travessas de nos chegar ao coração; os Hototogisu lavaram a realidade num tsunami de ruído.

6. Animal Collective na Casa da Música: menos perfeito que “Feels”, mas belíssimo, sobretudo quando “Banshee beat” toma conta da sala e a alegria infantil explode em “We tigers”.

7. Vicious Five no Porto Rio: “Up On The Walls”, um dos melhores discos (portugueses ou não) do ano. Cinco agitadores da escola hardcore, evocam uma “juventude eléctrica” que arrebita à força da presença de Joaquim Albergaria. São a melhor nova banda portuguesa, em disco e, sobretudo, em palco.

8. Mastodon no Super Bock Super Rock: um clássico (“Remission”), um disco muito bom (“Leviathan”) e, sobretudo, concertos memoráveis inscrevem directamente os Mastodon como a ponte entre o velhinho e o novo metal.

9. Andrew Bird na Casa das Artes de Famalicão: 2005 é o ano deste quase veterano, por culpa de “Mysterious Production of Eggs”. Ao vivo, revirou os temas do avesso, mostrando o esqueleto sólido que existe por trás das maiores canções pop.

10. David Eugene Edwards em Paredes de Coura e no “Festival dos Sentados”: em Coura trouxe um céu ameaçador condizente com o gospel apocalíptico dos Woven Hand; em Santa Maria da Feira expôs-se mais e impôs-se como quase-génio.

11. Frango e Fish & Sheep, em momentos diferentes, no Passos Manuel (a sala portuense com mais tomates): a trip espacial sem rede dos Frango e o flow total de som dos Fish & Sheep, dois dos nomes mais interessantes do novo rock português - livre e ruídoso - que se afirmou em 2005.

12. Último dia do Festival Best.OFF: Felix Kubin, grime a rodos, electrónica sem filiações, hip-hop lascivo dos Sa-Ra Creative Partners, o barulho pelo barulho dos Les Georges Leningrad. Várias facetas da contemporaneidade artística numa Casa da Música felizmente distante do formalismo habitual.


Rodrigo Nogueira

Momentos:

1. A rapariga que estava sentada numa das colunas da esquerda durante o Jamie Lidell na Festa da Oxigénio no Sabotage Club;

2. O casal com t-shirts que diziam "Greetings from Michigan, the great lake state" e "Come on, feel the Illinoise!" (dois discos de Sufjan Stevens) em Paredes de Coura;

3. O momento em que a electricidade faltou no princípio dos Linda Martini no não-concerto conjunto de Linda Martini e Vicious Five na FLUL; Os ganchinhos no cabelo da baixista dos Linda Martini;

4. A Joanna Newsom no concerto de Smog no Clube Lua;

5. A viagem de Cacilheiro e a caminhada até ao barracão no Ginjal para ver os Animal Collective;

6. O momento em que "Grass" se transformou em "Purple Bottle" no barracão;

7. Qualquer momento ao som de "Banshee Beat" dos mesmos Animal Collective;

8. Vir dos Vicious Five no Mercado na noite de Halloween e ouvir no carro do Ilo a compilação Dynamite with a Laserbeam: Queen as heard through the meat grinder of Three One G, especialmente a versão dos Weasel Walter para "Bohemian Rhapsody" (também rendeu em karaoke nos anos da Joana e depois nos anos da Nansse), foi como uma actualização do Wayne's World;

9. A troca de palavras entre o Luís e o Lou Barlow na ZDB;

10. A aula de canto de Hermeto Pascoal na Capela em Sines.

Concertos:
01. Arcade Fire - Paredes de Coura
02. !!! - Paredes de Coura
03. Einstürzende Neubauten - CCB
04. KTU - Sines
05. Marc Ribot & The Young Philadelphians - Sines
06. LCD Soundsystem - Lux (2.ª noite)
07. Animal Collective - Cacilhas
08. Devendra Banhart - Sudoeste
09. Ali Farka Touré/Toumani Diabaté - Anfiteatro Keil do Amaral
10. Jamie Lidell - Club Sabotage
11. Wraygunn - Sudoeste
12. Andrew Bird - Lux
13. Smog - Clube
14. New Order - Super Bock Super Rock
15. The Vicious Five - ZDB (Setembro)
16. Lou Barlow - ZDB
17. Final Fantasy - ZDB
18. Destroyer - ZDB
19. Whomadewho - Club Sabotage
20. Sagas/Nell'Assassin - Sudoeste
21. The National - Paredes de Coura
22. The Legendary Tiger Man - ZDB
23. Nina Nastasia - ZDB
24. P.G. Six - ZDB
25. Pop Dell'Arte - Fórum Lisboa
26. Mogwai - Lisboa Soundz
27. Franz Ferdinand - Lisboa Soundz
28. Rocky Marsiano - ZDB
29. Carlos Barretto - Festa do Jazz (S. Luiz)
30. Humanos - Coliseu (2.ª noite)


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