Conjunto Corona
Musicbox, Lisboa
24- Abr 2018
Quo vadis, Corona? Que te sucederá agora que abandonaste Cimo de Vila Velvet Cantina, que deixaste para trás toda as histórias sórdidas que contribuíram para a criação do mito que és? Irás reformar-te? Irás ressuscitar? Irás reinventar-te segundo a batuta de um qualquer Cristo crucificado com pontas-de-lança em vez de pregos? E que destino levarão todas as mulheres, todos os clientes, todas as angústias que trataste nos últimos dois anos com uma dose de inebriação e duas de hip-hop?

No Musicbox, o célebre Corona encarnou no seu Conjunto e despediu-se do lugar que o alimentou e que o colocou na frente do hip-hop tuga feito com raça e bom humor, com instrumentais psicadélico-decadentes e batidas perversas, com lírica rasgada e sotaque do Grande Porto; ao longo de uma hora, uma hora e poucochinho, Cimo De Vila Velvet Cantina disse adeus e lançou a primeira pedra para o próximo episódio da série Corona, por entre os obrigatórios gritos de "Gondomar!" que tanto se ouviram e a gentileza dos presentes.

Não mais Corona aqui voltará - ou talvez volte só para dar aquele oi -, mas que a saudade não nos tolhe os olhos. Sejamos irlandeses na morte: celebremos o que ficou em vida, gargalhemos, ergamos bem alto o hidromel. Nada disso faltou e também não faltaram os saltos e pinotes, os convidados especiais (Fred&Barra, presença habitual nos concertos do Conjunto Corona), o crowdsurfing do Homem do Robe e a ideia de que a história Corona ainda tem muito por onde crescer. Quem sabe? Pode até dar em bíblia. E, numa noite assaz especial, houve ainda espaço para voltar mais trás ainda e repescar temas como "Já Não És O Meu Dealer" ou "Pontapé Nas Costas". Se não se sabe ainda quo vadis, o que é certo é que continuaremos a ir com ele.
· 01 Mai 2018 · 23:21 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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