Toro y Moi / The Drink
Sound Control, Manchester
06- Abr 2015
Com o aproximar da época estival, chega também o anúncio infindável de nomes para festivais e atuações várias. Para podermos apontar a nossa atenção (e a carteira) na direção mais suscetível de resultar num bom investimento, achamos por bem ver o que andam a fazer alguns músicos que virão a Portugal na próxima silly season. Com esse propósito, fomos espreitar Toro y Moi, em Manchester, numa das atuações da interminável digressão para promover What For? (lançado esta semana), antes da aterragem em Lisboa para uma atuação no Super Bock Super Rock deste ano.

Em boa verdade, há que andar sempre atento às artimanhas de Chaz Bundick, o músico por detrás do nome artístico Toro y Moi, porque a realidade de há uns anos atrás, por altura do lançamento de Causers of This, perdeu atualidade e o projeto reinventou-se. Quando se pensava que Toro y Moi estaria agrilhoado às eletrónicas em modo chillwave, Chaz Bundick foi arquitetando uma realidade diferente, uma reinvenção sonora que permita estimular a sua agitação criativa e trazer mais fiéis. Em entrevista, esta semana, a Lauren Laverne da BBC 6, o músico dizia reconhecer atualmente na sua sonoridade uma vertente R&B e funk e esclarecia que, no domínio da eletrónica, fez o que queria ter feito e não tencionava repetir-se.

E é vê-lo agora contentíssimo, ao vivo, vestindo essa nova camisola. Antes porém da revelação dessas novas façanhas, subiram ao palco os The Drink, trio de Londres que editou no final do ano passado o seu primeiro longa-duração Company e que convém ter debaixo de olho (e junto ao ouvido), porque os trinta minutos de abertura para Toro y Moi não foram um mero exercício de aquecimento. Há que lhes gabar a melodia ainda mais rebuscada do que Throwing Muses e o respeito por The Breeders na bagagem. Ficamos à espera que venham a Portugal mostrar a razão pela qual já mereceram rasgados elogios dos Deerhoof e da editora Rough Trade.

 © Chantelle Oddie

Antes de isso acontecer, são nove e meia da noite e a sala de espetáculos mancuniana está à pinha. Chaz Bundick faz-se acompanhar de quatro músicos, sinal de que os tempos são outros e o produto final das suas criações mais recentes, também. O arranque acontece com "What you want", faixa de abertura do álbum deste ano. Quando a música termina com a deixa "Does anyone know where we go from here?", ainda não tínhamos bem a certeza do que se ia desenrolar, mas já desconfiávamos que o alvoroço das guitarras se ia sobrepor às outrora omnipresentes eletrónicas.

E não estávamos enganados. Seguiu-se "Empty Nesters", o primeiro single resgatado ao novo álbum e "Buffalo", outra composição forte do mesmo, a dar a crer que a orientação do concerto (e da digressão) não ia alimentar muita nostalgia pelos primeiros anos de vida do projeto. Ainda assim, o fecho deu-se com "Say That", um dos momentos resgatados ao passado, pertencente ao álbum Anything in Return. Pelo meio, a alternância constante de Chaz Bundick entre os teclados e a guitarra materializou a diversidade estilística do músico que, antes de completar 30 anos, já conta com cinco discos editados no curriculum.
· 14 Abr 2015 · 11:27 ·
Eugénia Azevedo
eugeniaazevedo@bodyspace.net

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