Mono / Microphonics
Paradise Garage, Lisboa
22- Fev 2013
Pouca gente, pouca gente, e ninguém chama por mim... será da chuva? Será da gente? Da gente será certamente e a chuva não afugenta assim: pouco passava das 21h quando se entra no Paradise Garage e damos de cara com uma multidão assombrosa de... vinte pessoas. Benefício da dúvida; ainda é relativamente cedo, ninguém quererá saber da primeira parte, o Sporting está a perder e para quem não tem a sorte - ou o azar - de morar na linha da Azambuja não é assim tão fácil chegar, ou pelo menos estacionar, perto do local. Depois foi, naturalmente, enchendo até pouco mais de metade, sendo que uma estava - por opção própria e por muito mérito dos japoneses - absolutamente compenetrada na música belíssima do quarteto e a outra preferia manter a conversa em dia. Não deixemos, contudo, que isso nos tolde o raciocínio. Os Mono deram um concerto extraordinário.

© Rita Sousa Vieira

Para quem desconhece o nome de Dirk Serries, saiba que ele é belga e um nome meio firmado na cena ambiento-experimental. Sim, é mais um daqueles tipos do drone que toca uma nota durante doze minutos e acha que isso cria "envolvência" ou o raio que o parta. Vindo para apresentar Microphonics, série de discos exploratórios que já conheceu, diz-nos o Discogs, umas nove edições, Dirk Serries não ficou em palco o tempo suficiente (nem a meia hora chegou) para que se possa ter uma opinião formada. Antes uma onomatopeia: zzzzzzzzzzz.

© Rita Sousa Vieira

Dos Mono, eternos criadores da Saudade, "S" grande como grande o é o sentimento, regressaram para nos deixar embasbacados mais uma vez depois da sua última passagem pelo Musicbox, também na capital. O mote era For My Parents, traduzido na abertura com "Legend", a começar ainda devagarinho o que havia de ser posteriormente, em linguagem popular, uma jarda do caralho. Pese o cliché, são das poucas bandas que deixam realmente a música falar por si: planos majestosos, melancólicos, torrentes de ruído preenchendo a alma como um pequeno furacão se atravessando à nossa frente. Destaques naturais para duas das últimas que tocaram: "Ashes In The Snow", absolutamente graciosa, e "Everlasting Light", terminando com as únicas palavras que se ouviram do grupo enquanto esteve em palco - um one two three four enunciado pelo baterista Yasunori Takada antes da explosão final. Ficaram em palco cerca de uma hora e meia: muito pouco para uma banda tão gigante.

© Rita Sousa Vieira
· 24 Fev 2013 · 20:45 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

Parceiros