Eef Barzelay / Pájaro Sunrise
Moby Dick Club, Madrid
26 Fev 2007
Em pausa temporária do projecto Clem Snice, Eef Barzelay vinha a Madrid apresentar o seu projecto a solo – apenas com a sua guitarra. Bitter Honey, editado em 2006, era talvez o maior motivo da vinda do escritor de canções ao Moby Dick. Aquele que concentra os seus esforços em disco a questionar-se sobre o amor é na verdade, ao vivo é um tipo com bom-humor para dar e vender. Por isso não foi com grande perplexidade que o vimos terminar a sua primeira canção com a melodia e as palavras de Beyonce em “Irreplacebleâ€. Não foram raras as tentativas de parecer um rockeiro (com hilariantes gestos de imitação), não foram raras as vezes em que se dirigiu ao público para soltar uma graça.

Eef Barzelay acreditava que quando os espanhóis diziam “vale†a toda a hora estavam na verdade a dizer “baileâ€, e que por isso os achava um povo com grande propensão para a dança. Contou a experiência de uma ida às touradas na primeira vez que esteve em Espanha. Brincou com algumas expressão como “tranquiloâ€, entre outras. E foi cantando canções. Folk e country. Mais ou menos reais, mais ou menos mirabolantes, mais ou menos directamente sobre o amor. Não radicalmente diferentes do seu trabalho nos Clem Snide. Foi uma espécie de misto entre um concerto e stand up comedy, um episódio do storytellers com humor. Será medo do palco ou será que lhe está nas veias? De qualquer das formas as suas canções, apesar de despidas, tiveram quase sempre interesse até ao final da actuação.

A certa altura já Eef Barzelay estava a aceitar canções pedidas. Quando ele próprio grita Christina Aguillera não se sabia muito bem o que esperar, mas quando “You are beautiful†chegou em versão acústica tudo ficou esclarecido. O sucesso da sua actuação foi tão arrebatador que teve de cantar um tema acappela quando todos insistiam que voltasse a palco. Bom humor e boas canções continuam a ser uma boa combinação. E Eef Barzelay sabe disso.

Na primeira parte actuou o duo de León Pájaro Sunrise, união musical entre Yuri Méndez e Pepe López. São um Novo Talento Fnac e editaram em 2006 um disco homónimo (gravado num apartamento alugado em Madrid) que lhes valeu alguma atenção. São profundos fãs dos Monty Python, Futurama e dos Simpsons, mas isso não se nota na sua música. Os próprios assumem influências de Belle & Sebastian, Nick Drake ou Death Cab for Cutie mas ao vivo nada disso passou. Com guitarra acústica, voz e baixo, interpretaram canções incaracterísticas e com interesse bastante reduzido, por isso não entristeceu que a actuação tenha sido bastante curta.
· 26 Fev 2007 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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