A belĂssima inspiradora regiĂŁo das AstĂșrias (terra da fabada e da sidra) Ă© o local onde opera o jovem mĂșsico Luis SolĂs. Depois de alguns lançamentos em CD-R e em netlabels (inclusive na portuguesa Test Tube), o asturiano arregaçou as mangas e escreveu um disco editado fora de Espanha na francesa Eglantine â o seu primeiro em CD. Decidiu chamar-lhe Lulo e nĂŁo deu grandes explicaçÔes acerca do motivo. Tal como a capa do disco parece indicar, Luis SolĂs Ă© homem de mĂșsica gentil. Gosta de se rodear de piano e teclados vĂĄrios, melĂłdica, glockenspiel, harmĂłnica, guitarra espanhola, contrabaixo e, talvez o mais importante, do seu computador (alĂ©m de alguns convidados) e gosta de criar paisagens delicadas e na maior parte das vezes de grande beleza.
O seu territĂłrio Ă© aquele em que a electrĂłnica e os sons acĂșsticos se cruzam. Terreno fĂ©rtil onde penetram vozes (femininas, âSoon for weekendâ Ă© bom exemplo disso), e outras minudĂȘncias que enriquecem ainda mais a pintura. Descansa aqui nestas cançÔes uma boa porção de inocĂȘncia suficientemente ĂĄgil para se revelar bela e nĂŁo inconsequente. Folk que quer ser electrĂłnica, electrĂłnica que quer ser folk ou simplesmente folktrĂłnica. Intimista e com medo de sair da toca, cançÔes que querem (e por vezes merecem) ser tratadas como tesouros. NĂŁo existe sobreposição de elementos mas sim coesĂŁo â nem todos o conseguem. Este disco, melhor do que nunca, recria o quarto de sons que pertence a Luis SolĂs e que agora pode pertencer a quem se identifique com ele.