O inglĂŞs imaculado de Fernando MartĂnez Ă© talvez aquilo que primeiro chama Ă atenção neste disco. Mais tarde descobrimos que as suas palavras sĂŁo tambĂ©m interessantes, mas antes há ainda tempo para outras descobertas. O facto de ser um disco duplo Ă© tambĂ©m um dos elementos que saltam Ă vista, e o artwork cuidado igual. Na imensa viagem que representa este disco (isto de álbuns duplos Ă© por vezes difĂcil de digerir) Ă© possĂvel descobrir uma sĂ©rie de grandes canções (essencialmente construĂdas por guitarras acĂşsticas ou elĂ©ctricas). Exemplos? A conduzida a piano “Dinosaurs”, a frágil e sonhadora caixa de mĂşsica “Love at first Sight”, “Fall” com marca Calexico e a simples mas eficaz “I’m against them All”. Isto no primeiro lado do disco.
Depois chega uma canção como “A singer on the loose”, perfeita nos seus pequenos e enternecedores riffs, no jeito de embalar e embrulhar emoções. Está a um passo de explodir e a um passo de se recolher ainda mais e acaba por nĂŁo sair desse meio-tom – e ainda bem. Por aqui imaginamos que Fernando MartĂnez conhece os Iron & Wine e os Silver Jews; em “Pain in Vain” confirmamos que conhece perfeitamente os discos de Bob Dylan e que guarda alguns com especial carinho. A voz de Fernando MartĂnez assenta na perfeição nestas canções – este terreno Ă© fĂ©rtil. “Out of your skin II” Ă© mais rock que nunca, e depois Ă© cabarĂ©tica e depois, quase por magia, termina antes de chegar aos 2 minutos. “Propeller Beanie” Ă© provavelmente a Ăşltima grande canção de No Land Recordings, intensa no seu recolhimento, centrada na sua mensagem: “I’l love to make a fuss / with the gild whom I choose / With the girl whom I refuse to loose”. Aproveitando a temática, Remate já saiu do campeonato espanhol e joga agora de igual para igual com escritores de canções de outros paĂses.