Ainda no final do ano de 2006 elogiava-se aqui o fenómeno dubstep e ei-lo agora a manifestar-se no seu pior. Não será certamente por responsabilidade do género – que durante o último ano manifestou-se efusivamente revelando mÃstica própria numa conjectura pouco favorável a grandes feitos. Kode 9, Burial ou Skream entusiasmaram e devolveram-nos a esperança num futuro que, apesar da maioria das vezes ser retratado de forma soturna pelos protagonistas mais underground, parecia perdido no presente mediano.
Poucos momentos dubstep atingiram a fasquia do admirável. Mas a certeza da mensagem sonora revigorava-nos os sentidos mais melómanos e instigava-nos na procura de novo porte estético que pudesse dar mais interesse a uma década muito voltada para o passado – nomeadamente fascinada pelos ideais electro-pop de 80. Na arte em geral – não apenas na música – os movimentos são cÃclicos. Rapidamente os movimentos ascendem ao estatuto de novidade estética e num ápice desaparecem, ressurgindo uma dúzia de anos mais tarde com uma outra personalidade.
O dubstep, atingindo agora a sua maturidade – muito em favor do facto estético de Burial ou determinação aprimorada de Memories of The Future – prova-nos agora que também é capaz do pior. Estranha-se a inabilidade de Mark One que desde cedo envolveu-se na cena underground de Londres – à semelhança de Wookie, Benny Ill, EL B ou Oris Jay – e desenvolveu o grime numa frente enquanto estudava os princÃpios do dubstep por outra. Copyright Laws marca a estreia de Mark One como M.R.K. 1: o projecto dubstep. O que fica por definir é se o disco é um álbum dubstep ou um registo grime sem a dialéctica vocal violenta que a identifica.
Não nos iludamos com o que por aqui se ouve. O que encontramos não só reflecte um vazio conceptual como chega a revelar um certo oportunismo. Copyright Laws é um conjunto de peças soltas que nem num único momento expõe uma consciência viva. Soa insÃpido, falsamente inócuo e desprovido de qualquer sentido. M.R.K. 1, altivo na programação do equipamento, não apresenta espontaneidade nem a ingenuidade que muito favoreceu personagens como Loafah ou Skream. Copyright Laws é mais uma prova evidente de excesso de confiança na programação. E espera-se que ninguém lhe siga o exemplo tão depressa.