NĂŁo se começa um texto sobre os Klaxons sem uma tentativa de definir o estilo musical que os mesmos praticam. Aqui nĂŁo se procuram excepções Ă regra, por isso, encha-se os pulmões e diga-se: sĂŁo POP. A noção que tĂŞm da mĂşsica que os precedeu, seja em que fase, Ă©poca ou contexto, Ă© perceptĂvel. NĂŁo Ă© a primeira vez que se ouvem guitarras, baixos, baterias, sintetizadores ou vozes como estas. Quando a massa crĂtica ganha contornos de acumulação perigosa, nĂŁo haverá crime de lesa-pátria se mencionarmos os KLF. Mas apenas num cruzamento fugaz que levou cada banda ao seu local destinado.
O caso de Jamie Reynolds, Simon Taylor e James Righton Ă© um que começa com as palavras “Krill edible oceans at their feet / A troublesome troop out on safari / A lullaby holds their drones in sleep”, e nĂŁo faz qualquer questĂŁo de se tornar mais clara nos propĂłsitos da sua mensagem lĂrica. Eventualmente, esses momentos vislumbram-se, como no refrĂŁo de “Gravity’s Rainbow”, professando a simples mensagem porventura mais adequada a um festival freak: “Come with me / Come with me / We’ll travel to infinity”. Mas podemos desligar do naif da mensagem e pensar que isto faz todo o sentido se a reconhecermos como um refrĂŁo pop que surge apĂłs um baixo distorcido, uma guitarra em habitual modo serrilhado, e o surgimento de um piano cadenciado como deve ser num refrĂŁo.
No fundo, Myths Of The Near Future contém duas espécies primordiais de canções. Existem aquelas em que o sintetizador parece deitar espuma, a guitarra soa a dois fios eléctricos descarnados a acasalarem, e ouve-se uma, duas, três vozes entre o normal e o falsete. São os casos de “From Atlantis To Interzone”, “Totem On The Timeline”, ou as partes agressivas de “Magick”. Noutras alturas, como “Golden Skans”, “Isle Of Her” ou “It’s Not Over Yet”, deixam que seja a melodia e a já referida qualidade dos refrões a tomarem preponderância.
Não há ainda dados para especular que tipo de influência, positiva ou negativa, Myths Of The Near Future irá ter. Em 2007, um disco tem 10 vezes mais potencial para gerar imitadores sem qualidade do que honrados e criativos portadores de influências. Sabe-se, isso sim, que é um disco de pop altamente vitaminada e vibrante. E a isso não se pode tirar valor.