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Alpha Without Some Help

2006
Don’t Touch / Sabotage


Corin Dingley e Andy Jenks são dois tipos dados a uma certa hiper actividade que rendeu aos Alpha uma série de discos nos últimos tempos. Além de fazerem música o duo também se envolve regularmente na produção de discos de outros artistas. O dia em que os Massive Attack descobriram em Corin Dingley e Andy Jenks um valor a apostar deu aos Alpha legitimidade suficiente para lançar um par de bons discos, entre outros trabalhos. Agora os Alpha reuniram esforços para lançar uma espécie de disco de remixes, colaborações e de versões, recheado com alguns novos temas.

Without Some Help é ao mesmo tempo um discos das atmosferas habituais dos Alpha mas também um disco de vozes. Da voz de Chris Martin dos Coldplay no momento em que os Alpha dão nova roupagem ao famosíssimo “Yellow” (com resultados satisfatórios tendo em conta a dosagem exagerada do tema original), a voz inconfundível de Horace Andy em “Two Fazed People” e em “Make My Day”, tema com atitude suficiente para enfrentar o pior dos dias. A voz de Jarvis Cocker na cintilante “This is where I came in” ou a da habituée Wendy Stubbs na interpretação da eterna “Song to the Siren” de Tim Buckley – que apesar da atracção das suas paisagens fica bastante longe do original na emotividade. Mas e daí, será possível ou desejável que isso aconteça?

Prometia ser um dos momentos mais altos de Without Some Help, mas o remix de “Inertia Creeps” não consegue igualar as expectativas. Ao ganhar novas paisagens menos sinistras diluiu-se de certa forma a intenção. A visão dos Alpha para “Wot Da Fuk", um tema original de Receiver, é o responsável por inaugurar este disco que é uma compilação que é um disco de remixes e acaba por se revelar como um dos melhores momentos – ao lado de “Make My Day”. O pára-arranca melódico atrai imediatamente mesmo aqueles mais desprevenidos. “The Way You Are”, com The Heavy, é outro fell-good moment, desta vez alimentado a soul e a sol. No final, ver os Alpha assinarem temas ao lado de outros nomes já referidos parece aqui perfeitamente normal. Quantas vidas tem afinal uma canção?


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
19/03/2007