As paisagens do Maine deram-lhes a coragem para produzir um documento auto-produzido no seu essencial: a música (apenas contam com colaborações isoladas em dois temas), o artwork, a edição – também orgulhosamente própria. Buck e Shanti Curran descobriram primeiramente o afecto um pelo outro e daà nasceu a música como espelho daquilo que lhes vai nas almas – conhecedoras e conscientes do mundo que os rodeia. Wayfaring Summer é o resultado dessa união - belo. A abrir, o familiar e acolhedor riff de guitarra acústica a que se junta mais tarde o banjo na purÃssima “Wayfaring Summerâ€; de raÃzes seguras, o tema mostra somente um defeito: findar demasiado cedo.
Apesar de se fazer de menos de trinta minutos, Wayfaring Summer não parece de todo uma obra inacabada – e muito menos desenraizada. Os Arborea são autores de uma folk saudavelmente dividida entre o território norte-americano e o britânico, a lembrar John Fahey e a espiritualidade de Marissa Nadler por um lado e a delicadeza etérea de uma Vashti Bunyan por outro. Dividem-se também entre os instrumentais cuidados e as canções com “c†maiúsculo. Na primeira, “River and Rapidsâ€, quase lhes basta um banjo, palmas e percussão escassa para dar à voz de Shanti a porção de energia suficiente para se elevar – da simplicidade ao misticismo.
Quando em “Dance, sing, fight†Buck e Shanti cantam juntos “Black, beige, white / Green, red, blue†são criaturas da natureza, conscientes do universo; quando logo a seguir falam de armas e mudanças também o são – há uma mensagem de tranquilidade neste disco que transparece mesmo quando não se escutam palavras. Em “Dance, sing, fight†os Arborea estão então especialmente próximos da perfeição que tão afincadamente buscam nas restantes nove composições, mas este é definitivamente um percurso que merece ser percorrido atentamente do inÃcio ao seu fim.