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L'Altra In The Afternoon

2002
Aesthetics


De Chicago para o mundo. É esta a esperança de todos quantos conheçam e reconheçam a música dos L’Altra. E a verdade é esta: já estiveram mais longe disso. Enquanto em Portugal a editora a que pertencem (Aesthetics) continua sem distribuição, nos outros países da Europa tem-se formado um verdadeiro hype em torno deles. Começaram a dar mais nas vistas ao tocarem com bandas como os Tortoise, Sea & Cake ou Papa M. Com isso ganharam credibilidade e são hoje encarados num patamar quase tão elevado que poderiam ser colocados ao lado de Mogwai, Radiohead ou GYBE!, pois não ficariam a perder. E merecem-no, merecem-no porque este “In The Afternoon†é um disco arrebatador.
Formaram-se em 1997 e eram compostos nessa altura por Lindsay Anderson, Joseph Costa, Eben English e Ken Dyber. Este último é director da Aesthetics e deixou a banda, sendo substituído por um elemento dos Bosco & Jorge. Estrearam-se com um álbum homónimo em 1999, tendo editado pelo meio “Music of a Sinking Occasionâ€.

“In The Afternoon†não é um disco estranho nem difícil, até é de audição bastante acessível e deleitosa. Mas também não é um disco simples nem descartável. Fica no meio caminho. O que neste caso resulta muito bem e é um contributo para o triunfo do disco.

Elogiados um pouco por todo o lado, chegou a dizer-se que “In The Afternoon†poderia ser encarado como um dos primeiros discos na classe da pop pastoral e fantasista. De facto apesar de catalogação “estranhaâ€, não deixa de fazer todo o sentido. O fluir do álbum é relativamente bem doseado, e os ambientes extremamente límpidos e brilhantes conjugam-se na perfeição com os momentos mais dissonantes. De formas rurais, de travo rock-electrónico (?), os L’Altra transbordam a energia e sensibilidade. As músicas “sabem†bem, a voz da vocalista Lindsay Anderson é afável e convidativa (já a do Joseph Costa é menos boa) e tudo transborda a aromas de fruta acabada de colher. Conjugando elementos e beats electrónicos com os instrumentos “tradicionaisâ€, os L’Altra foram buscar para colaboração o violoncelista Fred Lonberg-Holm, o acordionista Robert Cruz e mais um sem número de pessoas. O resultado é digno, mas se repensados e melhoradas algumas coisas, poderia ter sido ainda melhor. A produção é tímida, a voz de Joseph Costa é vulgar e muito parecida com muitas outras bandas de indie/post-rock e, apesar de já maduros, é necessário dar mais algum tempo para crescerem. Estes pequenos pormenores não invalidam a audição e qualidade do álbum, já que o todo se sobrepõe a eles.


Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
30/10/2002