Tal como sugere o conjunto de linhas esbatidas que serve ao seu design horizontal, Pech é – em grande parte - um gerador de alternados rastos sónicos a que os sentidos seguem a pista como um detective hipnotizado por uma elegância impossível ser adjectivada ou definida por imagens. A dupla alemã Reinhold Friedl (manipulador de piano a partir do seu interior adulterado) e Michael Vorfeld (vanguardista dedicado a precursão e instrumentos de cordas) opera subversivamente um tratamento laboratorial da ressonância (que assume todo o tipo de formas e feitos no movimento “Pech”), para, logo que a percepção se encontre dormente, inundá-la de infiltradas texturas que se vão insuflando ao ponto de se tornarem indomesticáveis. Torna-se partir daí árduo colocar freio à vertiginosa espiral de sons superficialmente lancinantes em que “Pech” mergulha sem a mínima hipótese de retomar ao ponto de partida. Depois, “Keks” soa de imediato a fogueira onde as labaredas vão sofrendo uma mutação que as encontra a ganhar uma robustez metalizada logo de início, perdidas e exaustas entre a teia de cordas arranhadas e numa combinação de elementos que - obedientes à decrescente percussão - proporcionam um fade out à chama. Perfeito cessar-fogo. Contudo, Pech peca somente pelo subaproveitamento a que condenou o seu terceiro exercício que volta à exploração de ressonâncias sem aparente novidade face à primeira incursão nesse âmbito.