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Companhia dos Sons Spin

2005
Tone of a Pitch


Companhia dos Sons Ă© o primeiro lançamento de total responsabilidade da TOAP (desde a proposta ao artista, passando pela gravação, edição e promoção), daĂ­ que possa ser entendido realmente como o primeiro disco da editora, na medida que o resultado final nĂŁo teve qualquer outro tipo de influĂȘncia a nĂŁo ser a dos mĂșsicos e da TOAP.

Spin, da Companhia liderada por Nuno Ferreira, Ă© um disco diferente dos anteriores, como que mostrando que a TOAP estĂĄ aberta a todos tipos de jazz. “A TOAP tem um grau de exigĂȘncia elevado na selecção dos seus projectos do ponto de vista da qualidade, e nĂŁo do gĂ©nero. Nos dias que correm o estilo denominado jazz Ă© tĂŁo diverso que abrange mĂșsicas que poderĂŁo soar totalmente diversas. A TOAP escolhe mĂșsicos para as suas ediçÔes, e a partir daĂ­ (dentro de alguns limites) deixa a escolha do conteĂșdo musical nas mĂŁos do mĂșsico”. Neste caso, Nuno Ferreira escolheu um caminho carregado de influĂȘncias bem dĂ­spares, do fado Ă  electrĂłnica e ao hip-hop, sendo o jazz o elo de ligação entre os vĂĄrios domĂ­nios.

“Rumo Sudoeste” Ă© apenas um dos caminhos percorridos, com claras influĂȘncias ĂĄrabes/indianas, sendo que o belo som da cĂ­tara acentua essa influĂȘncia. Uma melodia arrastada e mastigada segue-se em “Atlantic Breeze”, brisa quase que parada, estagnada, num passo lento e preguiçoso, atĂ© mostrar toda a sua força com o poder de solos belĂ­ssimos e extramamente bem enquadrados.

Desta Companhia podemos esperar uma “Espiral de Sons”, sons diversos sobre ritmos variados, tudo numa espiral chamada jazz. TambĂ©m hĂĄ ritmos mais quentes, com “Atlantis Revisited” numa toada samba-jazz com o flamenco Ă  mistura, que no mĂ­nimo provoca o tĂ­pico reflexo pavloviano do amante do jazz: o bater com o pĂ© no chĂŁo. Sons mais abafados e mais electrĂłnicos tambĂ©m fazem parte do rol, sendo que nĂŁo poderia faltar o fado, a tristeza tĂ­pica dos portugueses Ă  mistura com blues. “Sailboat Blues” seriam os blues se tivessem nascido em Portugal.

Sem dĂșvida um disco original, com um universo amplo, que transpira inovação. InfluĂȘncias diversas - sabendo ir buscar o melhor dos vĂĄrios estilos -, que com um fio condutor (a secção rĂ­tmica) permitem a qualidade das composiçÔes. Uma bela companhia para as mais variadas ocasiĂ”es.


Miguel Marques
17/03/2004