One Plus One Ă© tudo o que nĂŁo se esperaria da primeira colaboração de estĂşdio a interligar triangularmente Lawrence English e Philip Samartzis – duas das mais interessantes figuras do experimentalismo Australiano – e a tendĂŞncia para as menos ortodoxas e invulgares manipulações arrancadas a algumas mesas de gira-discos. Foi necessária uma primeira actuação conjunta (em Brisbane no ano de 2002) para que surtisse em ambos uma reacção quĂmica que permanece agora consolidada em One Plus One - lançamento a que se sente de imediato eficiĂŞncia e força nas armadilhas sensoriais que articula a partir de turntables cujas funcionalidades, aqui, transpõem em muito o sampling e circularidade em loop. Transpõem, logo em “Faster than Cold”, a necessidade de perder tempo com qualquer ambientação climatĂ©rica – detonando com perigosa imprevisibilidade um marasmo de ruĂdos sugestivamente lĂquidos e impelindo Ă vertigem sobre esses com tons contĂnuos em movimento pendular. Nem que seja para contrariar a seriedade habitualmente associada a este tipo de discos, a invulgar “Gut Bucket Blues” exibe ásperas e trepidantes arestas que vem limar uma espĂ©cie de sirene de dispersĂŁo – os blues emergem finalmente entre os detritos que capta a agulha e o exercĂcio acaba por se revelar quase inĂ©dito no caso de Samartzis, como de English. Dupla que muito bem podia aventurar-se em longa duração a partir daqui.