Há muito que techno-dub rima com Vladislav Delay, ou melhor, com a sua encarnação enquanto Uusitalo. Nascido em Oulu, na Finlândia, o músico tem vários alter-egos e é um dos mais fascinantes e arejados executores de música electrónica. Este Tulenkantaja cumpre os requisitos mÃnimos de um disco de filiação na música de dança vagante – aquela que abre espaço para contaminações diversas. Mas não se fica por aÃ. Ou talvez, até fique e seja essa a sua maior virtude. Cozinhado a lume brando com linhas de baixo encorpadas, batidas que largam em retirada quando começam a entranhar-se na pele, lirismo de ponta atirado ao coração em degelo, é um disco de pequenas descobertas e de constantes regressos. E é também o trabalho mais Ãntimo de Delay: o booklet tem fotos tiradas na Finlândia e o disco excertos da prosa do pai e da avó, que foi membro de um grupo literário radical nos anos 40.