Teho Tardo soma e segue nos destaques que lhe são atribuído por aqui, no Bodyspace. Há alguns dias eram as suas electrónicas que se conjugavam com o downtown jazz do violoncelista Erik Friedlander num Giorni Rubati inspirado pela poesia de Pier Paolo Pasolini (tudo o resto fica-se a saber aqui: http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=834). Desta vez, Teho Tardo encontra-se ao lado de um violoncelo mais comedido e clássico, de que se ocupa Martina Bertoni, no projecto denominado Modern Institute (nome que, por si só, denuncia substancial carga arty). E, porque o colega Catarino já se ocupou de esclarecer o posicionamento musical do músico italiano, sobra Excellent Swimmer para comprovar a sua reincidente predilecção pela colaboração com violoncelistas.
Compreende-se porquê desde cedo. Teho Tardo cultiva electrónica que, por se estabelecer de forma tão microscópicamente detalhada, desenvolve automaticamente dependência de um contraponto imponentemente orquestral - algo que garanta o devido equilíbrio a um disco que ambiciona a ser visionariamente cinemático (Sakamoto circa 2029), mas que se debate sofridamente por desenvolver ideias cativantes. Leva isto a que, quando ao primeiro falham as programações e sintetizadores minuciosamente entrelaçados, sobre, em momentos cruciais, um suporte de betão dramático facultado por um heróico violoncelo capaz de manipular os reflexos das sobrancelhas e aguar o saco lacrimal. Ficam a salvo as belíssimas “Stairs” ou “Reginetta della Techno”, mas fragilizado um disco cuja fonte de interesse rui por completo quando os dois dispositivos basilares falham (durante praticamente um terço das ocasiões).
Excellent Swimmer é, porém, honesto nessa fragilidade. Percebe-se isso quando Teho Tardo encadeia em rodapé todo um micro glitch neutro, sem nunca determinar precisamente a acção do mesmo – votando-o ao abandono num meio termo em que não chega a ser melodicamente estimulante, nem atractivo de tão críptico. Já em recta final, também "Two Hours without ego" se desfaz, algo despreocupadamente, de uma preciosa batida que ressoa um par de vez em loop. As coisas, geralmente, ficam-se pelo esboço. Além disso, Excellent Swimmer denuncia demasiadas vezes a sensação de que não progride até ponto algum. É cinemático e propício a imagens, mas grotescamente estático em ambas as facetas.