É de louvar a frontalidade a um disco que, a certa altura, desmistifica o papel do hardcore como sopa de letras a serem conjugadas num discurso politicamente correcto. Em “Writer’s Block”, o nevrálgico vocalista Elijah Horner serve de porta-voz Ă ideia de que o hardcore nĂŁo precisa de ser liricamente sofisticado para unir em laço de irmandade espontânea os punhos dos miĂşdos: It doesn’t matter what I say / it could be anything / all that matters is what they hear / and fuck, it can be beautiful / fuck, we’ll turn it into something grand. Sem ser particularmente inovador, o pregĂŁo dos Killing the Dream reacende a convicção Ă s tochas que bastam para iluminar a rota a um disco como In Place, Apart: aquela que Ă© percorrida em jeito de elegia (ao hardcore de mentalidade positiva, neste caso) disposta a influenciar-se pelo passado, mas estanque face a outro tipo de pressões ou fusões. Para impedir o colectivo californiano de se dispersar entre as armadilhas da cobiça fantasiosa ou espasmos metaleiros (surgidos aqui e ali), eis que Kurt Ballou (guitarrista dos lĂderes de pelotĂŁo Converge) assume os crĂ©ditos de produção. Ballou reaproveita o modus-operandi que fez dos Converge uma ameaça e, com a asfixia da melodia contra chapa de zinco quente, auxilia os seus pupilos a aniquilarem o sonho. Pertence a um disco como In Place, Apart edificar um renovado suporte de esperança (o combustĂvel do hardcore) a partir dos esboços do passado (os Killing The Dream formaram-se a partir das cinzas de outros tantos colectivos). Nesse aspecto, In Place, Apart representa um entusiasmante tratado de engenharia.