Será possÃvel estar em dois sÃtios ao mesmo tempo? As leis da fÃsica diriam que não, mas se a nossa imaginação se mantiver fiel ao princÃpio the sky is the limit, de certo que não haverá qualquer limite para fantasia. O importante será mesmo ignorar as fronteiras delimitadoras entre a realidade e a ficção e deixarmo-nos envolver com os sonhos. Se for possÃvel encontrar a banda sonora que acompanhe um retrato tanto melhor. A música sempre enriqueceu as imagens…
Volvidos cinco anos sobre a edição de Waltz for Koop, o duo sueco regressa com mais um inocente manifesto fantasioso onde é mesmo possÃvel estar em dois locais diferentes sem sair do mesmo lugar. Uma vez mais isso torna se possÃvel muito graças a extraordinária capacidade de Oscar Simonsson and Magnus Zingmark em compor música que desafiam as leis da fÃsica convencional. Ainda bem que alguém o faz, caso contrario terÃamos de ficar encalhados para o resto da eternidade num universo excessivamente formatado, quadrado e cinzento e onde todos falam a mesma linguagem.
Koop Islands é um convite de embarque numa curta viagem de meia hora com destino à ilha onde tudo se passa de forma quase surrealista. Onde fantasiar acaba por ser um acto praticamente incontrolável. Existe uma estranha onda de calor com origem nas terras frias do norte da Europa que nos aquece o coração numa altura em que o Verão nos abandonou definitivamente por mais uma ano. Tudo resulta da extraordinária capacidade de compor canções, onde um sincretismo pragmático se transforma numa ferramenta essencial para a transformação de diversas matérias como o swing ao velho estilo big band anos 30, a pop dos anos 60 ou a soul dos anos 70 numa única massa sonora moderna possuidora de uma eloquência formal que literalmente nos deixa siderado.
Será impossÃvel resistir aos encantos de um "Come To Me" porque não só nos deparamos com a voz irresistÃvel e inocente de Yukimi Nagano, como nos sentimos embalados por um swing hipnótico que nos arrasta para um vórtice temporal onde nos vemos sentados num velho club jazz caracterÃstico da Nova Iorque dos anos 30 instalado numa praia das CaraÃbas. Ou de "Koop Island Blues" que nos mergulha nas águas quentes do mediterrâneo enquanto no horizonte imaginamos uma cena de amor entre um jovem siciliano e uma qualquer Bond-Girl dos anos 60.
Em Koop Island mantêm-se as caracterÃsticas de todos os álbuns anteriores dos Koop. Podemos mesmo admitir que não existe diferenças de relevo entre os encantos de Waltz for Koop e este terceiro álbum, mas a forma como nos capta uma vez mais o espÃrito, nos conquista a atenção ou revela um natural enlevo mÃstico, deixa nos imbuÃdos numa luxúria de voluptuosidade. Koop Island fará com que ignoremos os princÃpios elementares de evolução artÃstica que separam os álbuns uns dos outros da mesma maneira como ignoramos as leis da fÃsica num universo fantástico, surreal, onde tempo e espaço correm ao sabor dos ventos e marés. Certamente as mesmas brisas e correntes que assolam uma ilha imaginaria algures nos mares do norte. Às vezes o melhor é mesmo deixarmo-nos envolver com os sonhos e esquecermos a realidade.