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Kraftwerk The Man Machine

1978
Capitol


A história anterior a este “The Man Machine” leva-nos até 1970. Foi nesse ano que surgiu em Düsseldorf (cidade alemã que também viu nascer os Neu!, DAF ou Propaganda) uma das bandas que mais influenciou a produção electrónica das últimas décadas e que ajuda a compreender parte das movimentações da música contemporânea.

Os membros principais da banda, Florian Scheider e Raf Hütter conheceram-se enquanto alunos do Conservatório de Düsseldorf, e a primeira banda que formaram foram os Organisation, que chegou a lançar um disco em 1970. A aventura não durou muito e logo de seguida surgiriam-se então os Kraftwerk (em português, “Estação de poder”), que se estreariam discograficamente em 1971. Esse era já um álbum que denunciava algumas das coisas que viriam, mas ainda longe das obras-primas da banda.

Seguiram-se alguns álbuns até ser atingindo o primeiro grande momento da banda em 1974 com “Autobahn”, que cronologicamente poderá ser apontado como o primeiro grande álbum electrónico. Outros igualmente marcantes se seguiram até 1978, altura em que surge este “The Man Machine”.

Depois de interessantes pistas em “Autobahn” (1974), “Radio-Activity” (1975) e “Trans-Europe Express” (1976), os Kraftwerk atingem neste “The Man Machine” a maioridade de um disco em que se materializou definitivamente a ideia da canção pop electrónica. As canções electrónicas passavam agora a ter uma identidade pop (com as devidas distâncias, obviamente), que não se verificava até então.

Canções entre os cinco e os sei minutos (apenas isto as distância do formato pop), onde sintetizadores arrojados e vanguardistas se juntavam com vozes distorcidas numa música muitíssimo avançada para a época. Entre instrumentais e canções com voz, o álbum (que dura apenas 36 minutos repartidos por seis músicas) inclui temas como “The Model” e “Neon Lights”, ambos cantados e que são talvez de todos, aqueles em que o formato pop é mais notado.

Depois disto, mais nada foi igual. Inúmera descendência assegurou a continuidade da “onda”, onde Gary Numan e uma série de projectos britânicos tiveram uma grande importância, que foi agora retomada com o fenómeno electroklash.


Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
11/09/2002