Para que mais não importem as oscilações do preço do crude nas várias bolsas de valores, os devotos à descoberta de energias alternativas deviam estudar o comportamento de músicos como Joel Reader sob a influência do copioso sol da Califórnia. Ele que durante anos contribuiu para que os Mr T. Experience apaziguassem o nervosismo irritadiço ao espectro punk norte-americano, volta, ao leme dos Plus Ones, a explorar os mesmos temas e direcções musicais afectas ao tÃpico jovem presidiário de subúrbio: um telefone que tarda em tocar, a clique de liceu encerrada a inscrições, o power-pop tornado legado pelos Posies, um indie de mascar e deitar fora. Joel Reader pode até representar um esboço de génio na leitura sucinta da Califórnia, mas esclarece-se prontamente o equÃvoco fomentado por algumas linhas alheias sobre os Plus Ones: o quarteto de Berkeley nada tem a ver com o pós-punk a que chega a ser associado (talvez o roce com “Write What You Knowâ€). Falta-lhe uma pontinha de subversão.
A existência dessa lacuna faz com que sobre espaço suficiente para que os Plus Ones amanhem dedicadamente anzóis que lhes possam render a pesca dos mais susceptÃveis ouvidos. Ou seja, oscilam, ao sabor da pop, refrões sumarentos (ainda que nem sempre inspirados) e riffs ligeirinhos de fácil adesão. Também se cultivam por aqui as dinâmicas voz masculina / voz feminina que tão bem resultam nos New Pornographers ou Teen Idles, mas que ao serviço dos Plus Ones necessitam de um mais um disco que as amadureça até encontrarem o ponto ideal.
Entre casualidades do desinteresse e vÃtimas da indiferença, sobra “Helpless†– recuperada ao baú dos Sugar, o mais economicamente viável dos projectos mantidos por Bob Mould (o principal compositor dos lendários Hüsker Dü). Ao que se sabe, “Helpless†ainda chegou a ser um hit nos anos do boom Nirvana e vale agora a Oh Me of Little Faith um dos momentos mais recomendáveis a mixtapes de viagem.
Na melhor das hipóteses, Oh Me Of Little Faith seria o disco perfeito para acompanhar Sónia Tavares dos Gift no saborear de um sundae de caramelo (partindo do princÃpio que a cliente da Caixa aprecia esse sabor). Tão inofensivo e inconsistente quanto um tufo de algodão doce, o segundo disco dos Plus Ones evapora-se com a mesmÃssima brevidade, à mercê de uma gula própria de criança esfomeada.