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The Plus Ones Oh Me Of Little Faith

2005
Insubordination Records


Para que mais não importem as oscilações do preço do crude nas várias bolsas de valores, os devotos à descoberta de energias alternativas deviam estudar o comportamento de músicos como Joel Reader sob a influência do copioso sol da Califórnia. Ele que durante anos contribuiu para que os Mr T. Experience apaziguassem o nervosismo irritadiço ao espectro punk norte-americano, volta, ao leme dos Plus Ones, a explorar os mesmos temas e direcções musicais afectas ao típico jovem presidiário de subúrbio: um telefone que tarda em tocar, a clique de liceu encerrada a inscrições, o power-pop tornado legado pelos Posies, um indie de mascar e deitar fora. Joel Reader pode até representar um esboço de génio na leitura sucinta da Califórnia, mas esclarece-se prontamente o equívoco fomentado por algumas linhas alheias sobre os Plus Ones: o quarteto de Berkeley nada tem a ver com o pós-punk a que chega a ser associado (talvez o roce com “Write What You Knowâ€). Falta-lhe uma pontinha de subversão.

A existência dessa lacuna faz com que sobre espaço suficiente para que os Plus Ones amanhem dedicadamente anzóis que lhes possam render a pesca dos mais susceptíveis ouvidos. Ou seja, oscilam, ao sabor da pop, refrões sumarentos (ainda que nem sempre inspirados) e riffs ligeirinhos de fácil adesão. Também se cultivam por aqui as dinâmicas voz masculina / voz feminina que tão bem resultam nos New Pornographers ou Teen Idles, mas que ao serviço dos Plus Ones necessitam de um mais um disco que as amadureça até encontrarem o ponto ideal.

Entre casualidades do desinteresse e vítimas da indiferença, sobra “Helpless†– recuperada ao baú dos Sugar, o mais economicamente viável dos projectos mantidos por Bob Mould (o principal compositor dos lendários Hüsker Dü). Ao que se sabe, “Helpless†ainda chegou a ser um hit nos anos do boom Nirvana e vale agora a Oh Me of Little Faith um dos momentos mais recomendáveis a mixtapes de viagem.

Na melhor das hipóteses, Oh Me Of Little Faith seria o disco perfeito para acompanhar Sónia Tavares dos Gift no saborear de um sundae de caramelo (partindo do princípio que a cliente da Caixa aprecia esse sabor). Tão inofensivo e inconsistente quanto um tufo de algodão doce, o segundo disco dos Plus Ones evapora-se com a mesmíssima brevidade, à mercê de uma gula própria de criança esfomeada.


Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
27/10/2005