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Underworld Dubnobasswithmyheadman

1993


Os Underworld são hoje um dos casos de mais unânime referência no que toca a álbuns fundamentais no campo da electrónica. Discos como “Dubnobasswithmyheadman†e “Second Toughest in the Infants†têm aparecimentos frequentes nas listas de melhores discos em domínios electrónicos.

Formados em 1988, os Underworld eram inicialmente um duo, composto por Karl Hyde e Rick Smith. Estreiam-se em disco nesse mesmo ano, com “Underneath the Radarâ€, um álbum ainda longe do patamar onde as suas duas obras-primas os iriam colocar. Um ano depois surge o igualmente desinteressante “Change the Weather†e é depois daqui que começa a revolução Underworld. Darren Emerson viria a juntar-se à banda e é ele o grande impulsionador da nossa forma de os Underworld encararam a música dançante. Os Underworld renascem em 1993 com uma série de importantes pistas em máxis, que viriam depois a ser condensadas neste disco, um dos mais marcantes da sua época e no seu domínio. É também neste disco que é dado o ponto de partida para aquele que seria o grande tema do grupo, a canção “Born Slippyâ€, que muitos conhecerão do filme “Trainspottingâ€. Entretanto, os Underworld fizeram várias remisturas entre as quais se destacam os nomes de Depeche Mode, Björk e Leftfield.

No campo da música de dança, o objecto de álbum não tem sempre uma coesão e estrutura coerente. Isto porque a concretização de muitas intenções acontece em máxi-singles, e por isso a junção de um conjunto de tantos máxis-singles em álbum pode não resultar da melhor forma. “Dubnobasswithmyheadman†é nesse aspecto um álbum seguro, isto porque consegue como poucos outros, em domínios dançantes, uma coesão e estrutura de álbum impecáveis.

O álbum é guiado sob uma batuta que passa pelo acid house, techno e dub, muito diferente daquilo que já havia sido feito para trás, em canções extensas que andam à volta dos 7/8 minutos. Temas como “MMM Skyscraper I Love Youâ€, “Cowgirl†ou “Dark & Long†são dos melhores do álbum, e mostram uma capacidade para recontextualizar as regras da escrita e modelação das canções. O vocalista Karl Hyde dá ao disco uma consciência narrativa que, quando contextualizada nos ritmos dançantes, transmite ao álbum um certo ar de mistério. É certo que os ritmos têm uma repetição nas canções desgastante, mas quem está habituado a ouvir este tipo de música já lida perfeitamente com isso, e é algo que neste tipo de sons é funcional.


Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
15/08/2002