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Krake The Clifton Bridge Landscapes

2019


Pedro Oliveira, baterista e percussionista, é um músico de interesses diversos e horizontes vastos. É membro das bandas Dear Telephone (indie/pop alternativa sofisticada), peixe:avião (rock alternativo), Green Machine (garage rock) e OZO (experimental, ouça-se o disco A Kind of Zo), além de colaborações com o grupo de percussão Drumming, Old Jerusalem e Sensible Soccers, entre outras parcerias. Tem ainda estado ligado ao universo do jazz e é director artístico do Jazz ao Largo, ciclo que se tem realizado desde 2016 na cidade de Barcelos.

Em 2016 Pedro Oliveira apresentou Krake, projecto pessoal e experimental que arrancou com o disco de estreia “06042016” (edição PAD). Agora, chega o segundo disco, The Clifton Bridge Landscapes, que se assume como passo à frente. Este novo registo foi gravado em Bristol e desta vez Oliveira conta com a companhia de três músicos ingleses, três membros da banda Get The Blessing: o baixista Jim Barr, o saxofonista Jake McMurchie e o trompetista Pete Judge.

Apesar da participação de 3/4 da banda inglesa, este disco não se aproxima do típico jazz-rock com groove que caracteriza o grupo. Às ordens de Oliveira, o quarteto desenvolve uma música de natureza experimental, que se serve da improvisação como processo, e vai aproximando-se de ambientes atmosféricos, incluindo elementos jazzísticos, por vezes ritmos poderão evocar nostalgia industrial. Se neste disco se juntam músicos de diferentes geografias, também a música atravessa fronteiras estilísticas, explorando sem medos (e sem rede) um caldeirão multi-referencial.

Os temas têm títulos curiosos que aguçam a curiosidade, como “The Cat Of Hawthorne Street”, “Oblique Strategies For Parallel Solutions”, “Pictures Of Banksy” ou “Taxi Driver Soap Opera”. São desafiantes, tal como cada tema, provocam o ouvinte. Não é música fácil, soa enigmática, complexa, misteriosa, assombrada; mas no fim revela-se recompensadora. Numa entrevista recente publicada na Revista Rua, Pedro Oliveira confessava: “Nestas coisas da improvisação uma boa dose de risco normalmente costuma correr bem.” Confirma-se, correu mesmo.


Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
04/07/2019