Quando há quatro anos escrevemos sobre Penelope, tínhamos isto para dizer: "que ninguém nos leve Sequin". Quatro anos volvidos desde a edição desse seu disco de estreia, poderíamos dizer exactamente o mesmo. Se bem que, agora, o receio de que alguém a roube já não existe; aliás, muito gostaríamos nós de que o fizessem, que a levassem para além deste rectângulo mágico e a apresentassem ao mundo como símbolo daquilo que ainda é possível fazer de fresco na música pop.
É que, passado todo este tempo, ainda a escutamos e nos deleitamos como se fora a primeira vez. Continua a existir qualquer coisa de doce, de sensual, de magnífico na voz de Sequin, mesmo que desta feita os instrumentais já não estejam tão voltados para a dança; pensem em Born Backwards como uma espécie de after, uma festa para relaxar depois do fogo-de-artifício, um chill out room onde ela nos garante que sim, vai acabar tudo bem, não há ressaca à vista, mesmo depois de termos emborcado três barris de cerveja e engolido todas as drogas possíveis e imaginárias.
Porque Sequin, se antes era Princesa, agora é Rainha. Ela mesmo o demonstra, na segunda faixa de Born Backwards, apropriadamente intitulada "Queen". Podíamos colar aqui a letra, mas o melhor é mesmo ir ouvir a canção - e perceber que todos aqueles versos poderiam ser sobre a sua própria voz. Num disco sonoramente separado do seu antecessor, é "LOUD" a recuperar os velhos tons house, antes de um final com "Honey Bun" e a curtíssima "Hentai". Pode ter nascido ao contrário, mas é sempre Sequin quem nos endireita.